terça-feira, 17 de maio de 2016



17 de maio de 2016 | N° 18527 
LUÍS AUGUSTO FISCHER

EDUTURA E CULCAÇÃO


Não bastando ter nomeado sete ministros investigados na Lava-Jato (ei, não tem aquilo de adquirir foro privilegiado ao virar ministro? Não foi bem isso que acusaram Dilma Rousseff de querer fazer com Lula, mas foi barrado pelo Supremo Tribunal Federal?), Michel Temer caprichou ainda mais: não escalou nenhuma mulher para o primeiro escalão – as escolhas atenderam ao apetite dos partidos, não ao da sociedade civil –, nenhum negro – escalação de ministério também é símbolo – e escolheu dar a Educação a José Mendonça Bezerra Filho, vulgo Mendoncinha.

Fui ver dados dele: nascido em 1966, político de carreira (está desde 1987 na janela e é filho, irmão, sobrinho, cunhado e primo de outros políticos), agora deputado federal, formado em administração de empresas, foi vice-presidente da Associação Nordestina de Avicultura (1987-88) e presidente da Associação Avícola de Pernambuco (1987-89).

Avicultura também é Cultura, talvez ele argumente, para explicar o motivo profundo de Temer, quer dizer, o PMDB, ter rebaixado a conquista histórica da autonomia administrativa e política desse setor. Caro jogador: leve Temer ao poder e volte 31 anos no tabuleiro da história.

Não custa lembrar que o partido do flamante ministro da Educação e da (avi)Cultura é o DEM, antigo PFL, filhote da remota Arena. E o DEM, como partido, entrou com ação no Supremo contra as ações afirmativas, contra as cotas e o Prouni. Quererá ele ressuscitar tais teses de seu partido e assim extinguir tais políticas inclusivas, que tantas conquistas pessoais e sociais têm proporcionado?

Bem, pelo menos o ministro da Justiça é claramente do ramo: já fez caca grossa gerindo a antiga Febem paulista, defendeu Eduardo Cunha em processo e há pouco, secretário da Segurança de São Paulo, considerou o movimento anti-impeachment como “guerrilha”.

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