Getúlio Vargas no divã
Getúlio Vargas (1882-1954), para muitos, ainda, o maior presidente brasileiro, já foi objeto de inúmeros estudos, livros, reportagens, artigos, filmes, documentários, debates, teses acadêmicas e permanece como tema inesgotável para nós, por sua personalidade fascinante, pelo tempo que permaneceu no poder e por ter sido um dos grandes líderes políticos do século XX. Concordando ou não com suas ideias, gostando ou não de suas realizações, o fato é que não se pode entender, conhecer e analisar o Brasil sem passar pela vida pessoal e pela trajetória política do "Pai dos pobres", para muitos, e "Mãe dos ricos", para outros.
Mais recentemente, os três volumes de Lira Neto sobre Vargas vieram a somar-se, com brilho, às obras do historiador Hélio Silva, de Alzira Vargas (filha de Getúlio) e de muitos outros e, agora, o psicanalista, professor universitário e jornalista João Gomes Mariante, colaborador do Jornal do Comércio, lançou Getúlio Vargas - O lado oculto do presidente (Sfera, 184 páginas), no qual apresenta uma análise psicanalítica apurada de um de nossos maiores personagens históricos.
Mariante, porto-alegrense nascido em 1918, com seus mais de 60 anos de experiência na área psicanalítica e jornalística, utilizando elementos de história, documentos e com base em sua enorme cultura e erudição, convida os leitores a percorrerem os muitos labirintos das incontáveis facetas da mente e da personalidade de Getúlio. Dr. Mariante é membro efetivo da Associação Internacional de Psicanálise, da Associação Brasileira de Psicanálise, da Associação de Psicologia e Psicoterapia de Grupos em Buenos Aires, membro da Academia Sul-Riograndense de Medicina e foi professor universitário em Buenos Aires e São Paulo.
No prefácio, o médico e escritor J.J. Camargo relata: "o Professor Mariante, com sua percepção psicanalítica apurada enriquece o entendimento do personagem que desde muito cedo revelou uma fixação pela ameaça da própria morte como um instrumento de barganha política (...) E por fim ele cumpriu o que parecia ser uma mera chantagem emocional, e deixou o Brasil com sentimento de culpa por não ter percebido o tamanho do seu desconsolo a tempo de confortá-lo.
Constrangidos de tê-lo abandonado a uma solidão intolerável, os seus amados preferiram ignorar seu fracasso como ser humano e trataram de ungi-lo à condição de herói nacional. Foi por isso que se chorou tanto pelas ruas e avenidas do País naquele fatídico agosto que reluta em terminar no coração dos que o amaram".
Mariante, que foi chamado pelo próprio Vargas para seu círculo de amizades, ao lado de informações e comentários sobre os vários períodos da vida de Getúlio e do Brasil, acrescenta, na obra, citações e ensinamentos de mestres da psicanálise, da psicologia, da filosofia, da literatura e os relaciona com a vida e a trajetória política de Getúlio Vargas.
A propósito...
"Pai dos Pobres", "Mãe dos Ricos", "Esfinge dos Pampas", herói, vítima, ditador, democrata, muitas definições, muitos Getúlios passam pelo olhar atento do Dr. Mariante, que, antes, nos livros Os ases de 30 e Três no divã, já havia estudado e interpretado o falecido presidente. Getúlio lia escritores suicidas, flertou com a morte desde a infância, e este livro nos ajuda a compreender os posicionamentos políticos, a personalidade, as influências, as emoções e a depressão que marcaram sua existência.
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