segunda-feira, 23 de maio de 2016



23 de maio de 2016 | N° 18532
CAPA

O encontro foi no museu

NOITE DOS MUSEUS atraiu, em sua estreia, um grande público que formou filas e lotou oito espaços culturais de Porto Alegre

A noite do último sábado em Porto Alegre tem tudo para entrar para a história da vida cultural da cidade. Um grande público gerou um movimento fora do normal ao lotar e formar longas filas em espaços artísticos que habitualmente estão de portas fechadas nesse período do dia. O motivo foi a Noite dos Museus, evento que em sua estreia convidou a comunidade a ver exposições e também uma programação especial com música e outras atividades, das 19h à meia-noite, em oito tradicionais endereços artísticos da Capital.

Mas não foi somente por promover a aproximação com a arte em um horário alternativo que o evento ganhou um caráter histórico. A Noite dos Museus também mostrou que o público cultural de Porto Alegre quer atrações diferenciadas e condições que permitam apreciá-las saindo às ruas à noite com tranquilidade na companhia da família e dos amigos. Pelo menos foi o que se viu nesse sábado, quando os museus receberam os visitantes em clima de encontro e celebração.

– Foi a glória, uma festa dos museus produzindo um clímax na cidade – diz o curador do projeto, o historiador, antropólogo e professor da UFRGS Francisco Marshall. – É uma coisa maravilhosa os museus repletos de gente, as praças tomadas, as pessoas num grau extremo de felicidade, vendo arte, ouvindo música e se encontrando.

Chamou atenção o grande número de famílias que saíram de casa para percorrer o roteiro da Noite dos Museus. Foi o caso da empresária Luciana Kalil, 33 anos, que visitou com os filhos – um deles Inácio, oito meses – três museus, entre eles a Fundação Iberê Camargo.

– Desde que soube da Noite dos Museus, pensei em trazer os meus filhos para compartilhar, estar junto, pensar a cidade à noite. Já havia levado o Ernesto (de quatro anos) a outras exposições, mas, desta vez, é diferente, tem música e muita gente. Percebi nos dois um encantamento, uma curiosidade diferente.

Além da Fundação Iberê Camargo, integraram a Noite dos Museus o Planetário, o Museu Joaquim Felizardo, o Museu da UFRGS, a Pinacoteca Ruben Berta, o Memorial do RS, o Museu de Arte do RS (Margs) e o Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS, na Casa de Cultura Mario Quintana). Com o burburinho do público quebrando o habitual clima silencioso dos museus, o passeio também foi brindado por uma noite de frio agradável e uma bela lua cheia.

– É interessante a proposta porque a gente consegue ver o museu de uma forma diferente – disse o professor de Física André Klock, 23 anos, que visitou a Fundação Iberê Camargo acompanhado da namorada Pâmela Nunes, 23.

Avaliada como bem-sucedida pela organização, a Noite dos Museus já tem garantia de sequência no próximo ano e expectativa de uma nova versão ainda em 2016.

– O público surpreendeu mais do que qualquer previsão – comenta Marshall. – Fomos acolhidos pelas pessoas em quantidade e qualidade. Haverá uma segunda edição no ano que vem e vamos tentar realizar em breve a Primavera dos Museus. Não sei se vamos conseguir, mas queremos muito.

Hique Gomez, um dos artistas que participou da programação musical da Noite dos Museus, aprovou a iniciativa:

– É um evento maravilhoso, a cidade está efervescente nesta noite.

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