05 de maio de 2016 | N° 18517
EDITORIAIS
INVESTIGAÇÃO RESPONSÁVEL
Todas as denúncias de corrupção ou de uso indevido do poder devem ser investigadas e esclarecidas, para que os culpados sejam punidos e os inocentes, reabilitados. Esse princípio elementar da democracia tem que valer tanto para a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujos pedidos de investigação foram encaminhados pelo procurador-geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira, quanto para os assessores diretos do vice-presidente Michel Temer que estão na iminência de serem nomeados ministros. A população vem há muito tempo sendo punida pelos efeitos da crise política e precisa ser convencida de que eventuais mudanças de comando não se limitarão apenas a trocas de nomes.
O que a nação espera, neste momento de incertezas e crises, é que não apenas o Judiciário aja com celeridade e responsabilidade, mas que também os governantes promovam um filtro ético na escolha de assessores diretos. O direcionamento das ações da Procuradoria-Geral da República para a própria presidente e para líderes políticos influentes de seu governo, um dia depois do pedido de abertura de investigação sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e num momento decisivo para o impeachment, enfraquece teses como a de vitimização e de golpismo, que vêm predominando até agora. Ao mesmo tempo, serve de alerta para um eventual governo Michel Temer, na hipótese, provável, do aval do Senado para o impedimento da presidente.
Denúncia está longe de significar condenação, mas preocupa o fato de o vice-presidente Michel Temer admitir a nomeação de investigados entre seus eventuais ministros. Uma simples troca de poder não vai garantir mais ética para o país. É por isso que, a exemplo da Procuradoria-Geral da República, as instituições precisam se mostrar ainda mais vigilantes nesta fase decisiva da vida nacional.
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