09 de maio de 2016 | N° 18520
CÍNTIA MOSCOVICH
QUAL O MELHOR?
Na semana passada, o pessoal do Guion Cinemas mandou avisar que, por causa do Dia da Lembrança do Holocausto (“Yom HaShoah”), estreavam três filmes com temática judaica e/ou que envolviam o Estado de Israel. Além de Demon, filme polonês de horror e que revisita o mito judaico do “dibuk”, e de O Décimo Homem, comédia do argentino Daniel Burman, também chegava a Porto Alegre De Amor e Trevas, obra baseada no livro homônimo do israelense Amós Oz e que marca a estreia da atriz Natalie Portman na direção.
Sem tempo para ir ao cinema desde então, ainda não assisti a nenhum dos três filmes. Como um deles envolve um dos livros da minha vida, tenho grandíssima curiosidade para ver como foi transposto para a tela De Amor e Trevas, obra que pode ser lida como autobiografia, narrativa memorialista ou como um romance de formação de um menino e, ao mesmo tempo, de uma nação.
Com uma tradução sensacional de Milton Lando e lançado no Brasil pela Companhia das Letras em 2005, De Amor e Trevas é daqueles livros que se lê com olhos úmidos: chora-se de tanto rir, por causa do sentido de humor de Oz, ou se chora pela delicada tristeza da história. Abarcando os caminhos da diáspora que culminaram na criação de Israel e no resgate do hebraico, o livro é também uma reflexão sobre a necessidade histórica de um povo que acabara de morrer aos milhões num dos maiores genocídios de todos os tempos.
Conhecido por ser um ativista em prol da paz e da convivência, Oz é dono de uma linguagem simples e poética. As informações são as de que Natalie Portman, filha de pai israelense, decidiu que o filme seria falado em hebraico, o que representa uma grande aproximação ao lirismo do autor e ao sentido do livro. Natalie, que garantiu um Oscar com Cisne Negro, também atua, fazendo o papel da mãe de Oz. Nesta semana que se inicia, um dos melhores programas é ver o filme e ler o livro – e fazer aquela sempre ociosa, e deliciosa, comparação para saber qual o melhor, o livro ou o filme. De preferência sem chegar a conclusão nenhuma.
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