05
de janeiro de 2015 | N° 18033
EDITORIAL
ZH
EDUCAÇÃO CONTRA A CORRUPÇÃO
A
prioridade à educação deve ser traduzida em ações concretas imediatas, que
representem benefícios pessoais e avanços éticos coletivos.
Ao
reafirmar o compromisso de combate à corrupção, para se precaver contra os
efeitos de escândalos do porte do que abala a Petrobras, e definir a educação
como prioridade de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff acabou
aproximando ainda mais duas questões que estão interligadas. Países com menos
corrupção conseguem investir mais em programas essenciais, como educação. Ao
mesmo tempo, nações com melhor nível de ensino têm menos corrupção e melhores
serviços públicos.
A
razão é clara: cidadãos mais educados têm mais acesso à informação, praticam e
cobram mais ética e mais retorno dos impostos que pagam. Os dados do Pisa
avaliação feita a cada três anos pela OCDE em 65 países confirmam uma relação
evidente entre essas duas questões, o que reforça a necessidade de o
compromisso ir muito além das pretensões de início de novo mandato.
Essa
é a ressalva que se faz à manifestação de boas intenções da presidente. Se
ficar na retórica, como boa parte de seus planos para o primeiro mandato – incluindo
os que não evitaram a estagnação econômica –, o governo terá, ao final de mais
quatro anos, frustrado expectativas que não podem ser criadas impunemente. O
compromisso com o lema lançado durante seu pronunciamento de posse, “Brasil, pátria
educadora”, terá de se traduzir em ações que até agora não fizeram parte das
prioridades do Planalto.
Tanto
que o Brasil continua nas posições retardatárias do ranking Pisa, com
performances vergonhosas. Na lista de 2014, por exemplo, baseada em dados de 2012,
nossos estudantes do Ensino Médio ficaram em 38º lugar, entre alunos de 44 países,
em exames de matemática. O desempenho também foi pífio em leitura. Ficamos atrás
de chilenos, uruguaios, romenos, tailandeses.
A
situação ideal, em que avanços sociais andem ao lado de conquistas na educação,
já foi desperdiçada pelo Brasil. Precisamos agora compensar o erro de ter dado
atenção apenas ao acesso à Universidade, enquanto o Ensino Básico era negligenciado.
Nesse sentido, os governos da senhora Dilma Rousseff e de seus antecessores
foram descuidados com as oportunidades surgidas, enquanto ocorria a melhoria
generalizada na qualidade de vida da população.
Investir
em educação é dar solidez a conquistas que não podem se restringir a ganhos
representados por emprego e renda. Países asiáticos têm provado, com a cultura
da responsabilidade, que cidadãos melhor educados propiciam progressos
particulares, que são compartilhados por todos. Uma pátria educadora será também
uma nação mais ética.
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