segunda-feira, 19 de janeiro de 2015


19 de janeiro de 2015 | N° 18047
EDITORIAIS ZH

O SONHO MAIS DISTANTE

O governo federal preservou a faixa de imóveis com valores médio e baixo, mas a elevação dos juros dos financiamentos para a casa própria, pela Caixa Econômica Federal (CEF), a serem assumidos a partir desta segunda-feira, dificulta o sonho de parcela expressiva da população. Como as restrições atingem quem pretende financiar imóveis com preços a partir de R$ 750 mil, pode-se argumentar que essa é uma faixa de clientes de alta renda.

Mas é um raciocínio que contempla apenas parcialmente a avaliação dos prováveis impactos da medida. Limitações no acesso a crédito habitacional resultam também em perdas para setores importantes da economia.

O primeiro impacto, ao desestimular novos projetos, é causado exatamente no nível de emprego de uma área que contribuiu de forma decisiva para que o país alcançasse a plena ocupação. A construção civil manteve, nos últimos anos, um ritmo forte, com repercussão na produção de material, na contratação de mão de obra de áreas correlatas e na geração de renda. Registre-se que no ano passado a performance da construção teve um recuo de 5,7% no país, depois da queda de 3,4% em 2012. Foram dois anos de encolhimento, após um longo período de ascensão.


A nova calibragem dos juros faz parte da lógica de ajuste nos custos do dinheiro, no contexto de uma taxa básica em elevação. Por mais que tal movimento seja compreendido como parte das correções na economia, espera- se que o aumento não seja duradouro, para que seus efeitos possam ser compensados por uma reação no setor no médio prazo.

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