Jaime Cimenti
Não te enreda
Lá pelos
anos 60 do século passado, dizia o
grande McLuhan, pensador e estudioso de comunicação e dos efeitos de meios
eletrônicos na sociedade, que o mundo era uma espécie de aldeia global. Hoje,
com os meios de informação cada vez mais sofisticados e tecnológicos e com as
onipresentes redes sociais, dá para dizer que o planeta se tornou uma espécie
de pracinha global, com todo mundo se cruzando, se “pechando”, falando tudo, a
todo momento, de qualquer parte, sem pensar muito. A diferença é que a pracinha
agora é virtual e, antes, o contato era físico, presencial. Essa diferença pesa.
De longe, sozinha nos “space-webs”, a galera não reflete muito antes de falar e
pega pesado, reage depressa demais. É mal.
Claro
que os novos instrumentos de tecnologia da informação trouxeram muitas
vantagens e possibilitam muita coisa boa para as pessoas e o mundo. Particularmente,
as redes sociais causam impactos, por vezes, inimaginados na vida individual,
social e política. Os protestos de 2013 no Brasil, por exemplo, mostram como os
meios eletrônicos podem influir em movimentos sociais. Para o bem e para o mal,
diga-se de passagem.
No
jornalismo, nem é preciso falar muito sobre o impacto da comunicação eletrônica.
Os números sobre mídia impressa e outros indicadores falam por si. O dia a dia
dos jornalistas se modificou e não dá nem para pensar em jornalismo sem a web e
tudo mais. Claro que ir para a rua, usar os cinco sentidos e os outros é vital
para os repórteres, especialmente, mas como fazer isso com frequência?
As
redes sociais têm seu lado jornal do Interior: fotos de bebês, netos, bisnetos,
pais, vovôs, bisavôs, tataravôs, crianças, jovens, adolescentes, pessoas com 120
anos. Fotos de recém-nascidos, batizados, formaturas, doentes, doentes
terminais, sarados, cirurgias, falecidos, caixões de defunto, casamentos, tudo. Há quem poste foto do pudim ou do cachorro-quente
que está traçando ou quem coloque dezenas, centenas, milhares de fotos suas, os
selfies, tipo um Van Gogh mais enlouquecido ainda, com mil auto-retratos. Uns abusam dos braggies, as fotinhos para
causar inveja, tipo estou na praia de Ipanema, no bar do Fasano e tu estás
ralando na sala de trabalho. Os braggies chegaram para ficar.
Daqui
a pouco estarão aí - se já não estão -, os fuck-yourselfies, para doce deleite
dos exibidos, quase todo mundo e dos voyeurs eletrônicos - quase todo mundo. Aliás,
cabe aqui ressaltar que o professor-doutor da UFSP (Universidade Ficcional de São
Paulo), José Simão, o Macaco Simão, especialista em comportamentos humanos,
ensinou, em sua imperdível e conspícua coluna no Jornal do Comércio, que,
agora, além dos paus de selfie, existem os paus de myself. Em sociedade, tudo
se sabe, diziam os velhos colunistas. Beleza, por aí.
É isso,
navegantes boquirrotos, melhor usar com moderação a web e não se enredar demais
nas redes sociais. Não te esquece que, da rede ou da coluna social, tu podes ir
para a coluna policial. Te cuida!
A
propósito...
Deu
na mídia que o Facebook vira prova em mais de 30% dos casos de divórcio. A
pesquisa foi feita entre agências de advocacia da Inglaterra. Pois é, a criação
do Mark Zuckerberg mostra a verdade (ou a mentira) sobre a vida e o
comportamento das pessoas, com quem andam, quem estão pegando, onde vão e
quanto gastam.
A
pensão pode ficar ainda mais salgada. E não é só no FB que o bicho pega. No
Twitter, WhatsApp, Instagram e no Google as informações circulam descontroladas.
É Florida! Melhor usar a etiqueta, a ética, caldo de galinha e cautela na rede.
Caiu na rede é peixe, dizia o Long Donga, um amigo meu, na Cidade Baixa, na
madrugada.
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