28
de janeiro de 2015 | N° 18056
EDITORIAL
DILMA ASSUME AJUSTE COMO REVISÃO DE
ERROS
Pronunciamento
da presidente da República, na primeira reunião ministerial, oferece sinais de
que o bom senso pode substituir o populismo do primeiro mandato.
Depois
de um longo período de silêncio, a presidente da República emitiu ontem os
primeiros sinais de como pretende conduzir as prioridades do início do segundo
mandato. O desafio, disse a senhora Dilma Rousseff, passa a ser a busca do
reequilíbrio fiscal, para que a partir daí o governo possa perseguir a queda da
inflação e das taxas de juros e a retomada do crescimento. Os rumos dos
próximos quatro anos foram apresentados no pronunciamento da abertura da
primeira reunião ministerial do ano.
Além
do compromisso com a austeridade, que marcou as palavras iniciais, ficou
evidente na fala da presidente o desejo de reconquistar a confiança de quem
produz. Era o que o país esperava, desde a posse, para que as intenções do
Planalto não sejam assumidas apenas pelas manifestações do ministro Joaquim
Levy.
É
uma categórica revisão de posturas em relação ao primeiro mandato. O projeto de
equalização de receitas e despesas, completamente desprezado, passa a ser um
compromisso público da presidente da República. Até agora, isso não estava
muito claro, como se o ônus de medidas consideradas pouco simpáticas pudesse
ser transferido somente ao comandante da Fazenda. Deve ser reconhecida a sinceridade
da presidente, admitindo finalmente que a economia vivia sob os riscos da
irresponsabilidade fiscal, ao referir-se agora às primeiras ações na área como
um “ajuste com medidas corretivas”.
Há
uma visível alteração de rumos porque a orientação da economia vinha sendo
errática e populista. O mérito do pronunciamento está, além do conteúdo em
favor da austeridade, no fato de que expõe prioridades das quais a presidente
não poderá se afastar, sob pena de comprometer seus próprios projetos e
desmoralizar a imagem que pretende construir.
Nesse
sentido, foi incisiva a sua afirmação de que o país não pode mais aceitar
distorções na concessão indiscriminada de benefícios, como o seguro-desemprego
e as pensões previdenciárias. Também merece destaque a ênfase dada ao esforço
para aumento das parcerias entre o setor público e as empresas privadas,
dependentes de atitudes capazes de superar o imobilismo dos primeiros quatro
anos.
Outras
questões abordadas, como o rigor no combate à corrupção e o empenho pela reforma
política, além da promessa de simplificações tributárias, eram temas
previsíveis no discurso, mas nada significarão sem gestos concretos. O que fica
de positivo, como essência do pronunciamento, é o recado dado a todos os
ministros de que não haverá crescimento, pleno emprego e preservação de
conquistas sociais sem que as contas públicas estejam em ordem.
EM
RESUMO
Editorial
reconhece a decisão do governo de reafirmar que somente com medidas corretivas
nas contas públicas o país terá a chance de voltar a crescer.
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