30
de janeiro de 2015 | N° 18058
MOISÉS MENDES
O brother
Quem
vê o Big Brother ou 10 vezes um filme dos irmãos Coen, ou quem come torresmo
com cerveja sem álcool não tem que prestar contas a ninguém.
Que
vejam o Big Brother porque tem gente bonita, tem sexo ou faz passar o tempo.
Não se desculpem por isso. Eu só vi um programa, com o Jean Wyllys e a Grazi
Massafera, há 10 anos. Estava de férias e tinha interesse científico na
investigação do fenômeno de geração de uma celebridade.
Claro
que você não acredita na minha conversa, assim como não precisa levar a sério
os que dão mil desculpas para ver ou não ver o Big Brother. Assisti àquele de
2005 e não me viciei.
Agora,
me interessei de longe pelo caso Luan. É que todos os sites têm uma chamada na
capa sobre o moço que participa da casa neste ano.
Luan,
para quem não sabe, é ex-soldado do Exército no Rio e já contou em detalhes, ao
vivo, por duas vezes, como teria matado um jovem de 16 anos. Atirou no
adolescente a distância, com a ajuda de uma luneta, quando as forças de
segurança entraram no Complexo do Alemão, em 2010.
Seu
relato: “Acertei um tiro na cabeça e ele caiu, eu tremia. Não só de adrenalina,
mas de nervoso por ter matado a primeira pessoa na minha vida”. Luan é de família
pobre e negro e diz que “preto rouba mesmo, já tá acostumado”.
É a
estreia para todo o país do ex-favelado exibicionista que se apresenta como
matador (em nome da lei, da ordem e dos medos) de gente do morro de onde ele
mesmo saiu.
Mas
pode estar blefando. Diz que atuava pelo 8º Grupo de Artilharia, mas era da 9ª
Brigada de Infantaria Motorizada. E talvez nunca tenha participado de expedição
a morro algum.
O
moço seria apenas um garganteiro tentando pegar as gurias da casa com uma
conversa que faz bem a muitos brasileiros. Mas, se mentiu, agora pode ser tarde
demais. Luan já deve ser o herói de muita gente. Só falta escolher o partido.
Agora,
imagine um big brother só com dois, num elevador empacado.
É o
que se vê na peça 5º Andar, por Favor, com Heitor Schmidt e Lu Adams, hoje,
sábado e domingo (21h), no teatro do Centro Histórico-Cultural da Santa Casa.
Com texto de Artur José Pinto e direção de Néstor Monasterio.
Eu
já vi o duelo do Heitor e da Lu. É mesmo de trancar elevador.
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