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O MPL e sua sina
Voltam
a ocorrer protestos contra aumento das tarifas de ônibus, trem e metrô;
organizadores precisam condenar a tática da violência
As
passagens de ônibus, congeladas desde 2011 em São Paulo, subiram menos que a
inflação no período. O bilhete único, nas modalidades mensal, semanal e diário,
não sofreu correção. Anunciou-se ainda que estudantes da rede pública ou de
baixa renda terão até 50 viagens gratuitas por mês no transporte coletivo da
capital.
Nada
adiantou. Os paulistanos assistiram, na última sexta-feira (9), ao primeiro
protesto do ano contra a alta das tarifas de ônibus, trem e metrô. Cerca de 5.000
pessoas, segundo a Polícia Militar --ou 30 mil, nas contas dos organizadores--,
foram às ruas para criticar o aumento de R$ 3 para R$ 3,50.
Reeditam-se
agora, guardadas as devidas proporções, as manifestações de junho de 2013, que
tiveram o efeito não só de impedir o reajuste das passagens mas também de
revelar um saudável inconformismo com a precariedade dos serviços públicos no
país.
Também
se repete, contudo, uma parte lamentável desse roteiro: depois de terem
participado de uma caminhada pacífica, alguns manifestantes se desgarram dos
demais para protagonizar cenas de vandalismo e violência, às quais se segue a
reação truculenta e desastrada da polícia.
São
os adeptos da tática "black bloc", em geral jovens encapuzados
vestidos de preto que veem na depredação do patrimônio público e privado uma
forma legítima de protesto. Sua presença nos atos demorou a ser destrinchada um
ano e meio atrás, mas hoje já não representa nenhuma surpresa.
Não é
aceitável, assim, que as tropas de segurança ainda se mostrem incapazes de
conter esses grupos sem ameaçar, ao mesmo tempo, os diversos princípios democráticos
em jogo. Seria de esperar que estivessem mais bem preparadas para assegurar o
respeito à lei.
Tampouco
é aceitável, entretanto, a atitude do Movimento Passe Livre (MPL). Responsável
pela convocação das manifestações, a organização se recusa a condenar o "modus
operandi" dos vândalos.
Tem
sido sempre assim; foi na semana passada e dificilmente deixará de ser hoje (16),
quando deve ocorrer mais um ato em São Paulo contra o aumento das tarifas.
Na
superfície, o MPL alega não poder escolher quem participa dos protestos, mas
por baixo do verniz democrático se esconde a verdadeira razão: o tumulto e o
confronto integram uma fórmula eficaz para ampliar a repercussão dos eventos,
embora nem sempre com o foco nas legítimas demandas.
Não
há de ser por acaso que tantas outras entidades consigam terminar suas passeatas
sem que se registrem episódios de descontrole. Nem todos os movimentos escolhem
o caminho da violência porque a violência isola os movimentos que escolhem esse
caminho.
O
MPL tem mais uma oportunidade de mostrar de que lado está. Se insistir na omissão
diante do quebra-quebra, será mais honesto abandonar o papel de vítima e
assumir o de cúmplice.
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