22
de janeiro de 2015 | N° 18050
ARTIGO
- GABRIELA GONCHOROSKI*
OS RICARDINHOS DO
BRASIL
A
morte de um jovem surfista em Santa Catarina é mais um caso de violência
extrema, que se espalha por nossas ruas de forma anônima e que ganha
notoriedade de acordo com a vítima que abateu.
Diariamente,
somos testemunhas de violências desmedidas, que, quando não contidas, vão se
intensificando e acabam, quase sempre, em ações violentas, tais quais o
assassinato do Ricardinho, do Joãozinho, do André e da Mariazinha.
Ricardinho
esbanjava juventude, era um reconhecido surfista profissional. Menino de
família e bom cidadão, a ponto de ter participado ativamente de movimentos que
tinham como objetivo a promoção da segurança na localidade onde nasceu, cresceu
e enfim morreu de forma tão trágica, pelas mãos de quem deveria proteger as
pessoas de bem!
Já a
vida do Joãozinho teve fim durante um assalto; é que ele se assustou pela
abordagem violenta e acabou confundindo o ladrão, que achou que ele iria reagir
e não entregaria seu celular da moda.
Uns
dias atrás, estávamos recordando que o João era amigo do saudoso André, que
também foi assassinado brutalmente ao revidar provocações de um brigão numa
festinha qualquer do interior.
Falando
em violência, lembro que esses dias li no jornal pesquisas que denunciavam o
crescimento de casos iguais ao da Mariazinha, uma jovem estudante, trabalhadora
e mãe de dois filhos, que foi brutalmente agredida, perseguida e assassinada
por seu ex-companheiro, que teve dificuldades em lidar com o término do
relacionamento.
Eu,
na verdade, não conheci essas pessoas. Mas conheço o princípio de todas essas
histórias: a impunidade! Não é a falta de educação, de saúde ou de leis que tem
gerado a insegurança. O que gera a insegurança e fomenta a violência é a
maldita certeza de uma investigação morosa, de perícias prejudicadas por falta
de pessoal e equipamentos, de um sistema judiciário demorado e de um regime de
progressão de pena injusto e cruel.
Esses
fatores são claros como a luz do dia. Luz esta que se apaga, para as pessoas de
boa índole, tão rápido quanto uma bala de revólver de uso restrito e numeração
raspada!
*Cientista
política
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