24
de janeiro de 2015 | N° 18052
ECONOMIA
| Marta Sfredo
UM DESAFIO DE ALTA
VOLTAGEM
Para
quem terá de lidar com risco diário de curto circuito, com possibilidade de
desligamento da rede a curtíssimo prazo considerando o ritmo do segmento , o
novo presidente da CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, mostrou bastante
calma ao tomar posse ontem. Não avançou muito no detalhamento nem da situação
em que assume uma das maiores e mais problemáticas estatais do Rio Grande do
Sul nem deu mais pistas de seu plano tático-operacional.
Mas
sua diretoria já deu um dado que ajuda a dimensionar a voltagem do desafio que
vai encarar. As perdas não-técnicas – resultantes de ligações clandestinas
(gatos) e furto de energia (fraudes em medidores) da companhia chegam a 18%,
enquanto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reconhece na tarifa –
ou seja, admite cobrança extra por essa perda – de apenas 6%. Ou seja, é um
indicador três vezes pior do que o desejado.
Quem
conhece a realidade dos demais indicadores de qualidade da companhia, como o
ex-presidente da CEEE Sergio Dias, sabe que a situação dos demais é igual ou
ainda pior. Esse será um dos principais problemas a resolver se a estatal
quiser se manter como distribuidora de energia. A concessão da CEEE para
distribuição vence no dia 8 de julho. Até lá, a empresa terá de fazer um
trabalho de fôlego para se manter no negócio.
– O
plano tem de ser muito consistente, e acompanhado de ação política. Se a Aneel
olhar a letra fria da lei, não renova – adverte Dias.
No
governo, há quem conheça bem a voltagem desse desafio. Mas é preciso que toda a
sociedade conheça a situação da empresa que ajuda a sustentar, ou como
consumidor ou como contribuinte. Até para poder formar seu próprio juízo sobre
o melhor futuro para a empresa. Outros ex-dirigentes que conheceram bem os
gargalos de eficiência da estatal lembram com certa ironia do episódio do
aumento do salário do governador, que subiria de R$ 17,3 mil para R$ 25 mil. Na
CEEE, há pelo menos 150 servidores que recebem entre R$ 17 mil e R$ 20 mil –
alguns chegam a R$ 30 mil.
EM
NOME DOS POBRES
Dono
de uma das lascas mais encorpadas da grossa fatia do PIB que circula até amanhã
em Davos, na Suíça, Bill Gates fez ontem um apelo em nome dos mais pobres em um
dos dois painéis de que participou no Fórum Econômico Mundial.
–
Esta é uma época difícil na economia, mas isso não é desculpa para cortar ajuda
para os mais pobres – advertiu o cofundador da Microsoft.
O
apelo era para reforçar o Global Fund, que tem a Bill & Melinda Gates
Foundation como principal doador.
O
filantropo não esqueceu as denúncias de mau uso dos recursos que cercou o
Global Fund em 2011. Reclamou da repercussão exagerada do que chamou de
“pequeno desvio” – cerca de US$ 34 milhões.
NÃO
VAI TERMINAR TÃO CEDO A POLÊMICA DA PISTA DO AEROPORTO. LUIZ CAPOANI,
EX-PRESIDENTE DO CREA-RS, ESCREVEU À COLUNA PARA EXPLICITAR QUE A POSIÇÃO DE
LIBERAR A PISTA DO SALGADO FILHO PARA PROJETOS IMOBILIÁRIOS É DE SEU SUCESSOR,
MELVIS BARRIOS JUNIOR. A ENTIDADE ACABA DE MUDAR DE GESTÃO, E CAPOANI ESTÁ
SENDO COBRADO COMO SE FOSSE O AUTOR DA MANIFESTAÇÃO.
O
LIMITE DA PRUDÊNCIA
Pelo
olhar de um dos dirigentes do setor elétrico nacional, o ministro de Minas e
Energia, Eduardo Braga, está “tentando ocupar o cargo” ao puxar a
responsabilidade de falar sobre a crise no abastecimento de eletricidade. No
entanto, o ministro tem tropeçado tanto que há quem veja risco de que não ocupe
o cargo por muito tempo.
Depois
de quase garantir que o motivo do desligamento de segunda-feira havia sido
técnico, foi desmentido por dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), que mostraram, ao menos de forma momentânea, consumo superior à
capacidade prevista de atendimento para o horário. Quando finalmente decidiu
dar um sinal de que há, sim, risco de “problemas graves”, deu um nó nos
especialistas do setor, que desconhecem o tal “limite prudencial de 10%” nos
reservatórios.
A
VACA (AINDA) VAI TOSSIR
Opa.
Da forma como foi apresentado, o corte de benefícios como seguro-desemprego,
auxílio-doença e pensão por morte foi uma correção de distorções, não uma
retirada de benefícios trabalhistas. Mas em entrevista ao jornal britânico
Financial Times, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sugeriu que pode vir uma
mexida mais ampla pela frente. Conforme o jornal, Levy afirmou que está
“completamente ultrapassado” o modelo de seguro-desemprego no país. Isso que
esse contingente vai crescer ao longo deste ano.
A
reação de sindicalistas não demorou e acabou harmonizando duas vozes
habitualmente desafinadas, a da Força Sindical, que devolveu ao ministro a
pecha de “ultrapassado”, e a da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que
apontou “desconhecimento”.
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