21
de janeiro de 2015 | N° 18049
TATIANA
LASCHUK
Estética
mutante
Quando
compramos um item de decoração, escolhemos de acordo com a cor, a textura, a
matéria-prima e a forma, certo? E, em teoria, este produto deve se manter assim,
com esta mesma cor, textura e forma por muito tempo. Ao menos é assim com um
produto convencional, seja um tecido ou papel de parede. Mas e se o item puder
interagir com o ambiente?
Para
que ocorram mudanças na cor, na textura e até na forma, é preciso usar
materiais pensados para aquele contexto específico, que promovam as
modificações desejadas no produto, sejam alterações de temperatura, intensidade
de luz ou umidade, entre outros.
Esta
fórmula (materiais diferenciados + estímulos do meio ambiente) exige por parte
dos designers muita pesquisa, tanto em relação à tecnologia de materiais, –
muitas vezes com nanotecnologia – como atenção a estímulos que possam interagir
com o produto e com o consumidor.
PAPEL
MUDA CONFORME O CLIMA
A
indústria química, por exemplo, é a responsável pelo desenvolvimento dos
pigmentos termocromáticos, que mudam de cor por meio de variações na
temperatura. Esses pigmentos são ativados por alterações climáticas, que podem
ser originadas pela temperatura ambiente ou de forma artificial, por meio do
calor da calefação, como é o caso do papel de parede criado por Shi Yuan (fotos
à direita). Neste caso, o papel de parede tem pigmentos que são ativados com o
aumento da temperatura, ou seja, em clima frio o papel de parede mantém a
estampa com plantas verdes, que não se modifica (imagem
1).
Com o calor, os pigmentos termocromáticos são ativados, e flores em tons de
vermelho aquarelado despertam em meio ao verde
(2).
A saturação do vermelho aumenta ainda mais com a elevação da temperatura
(3).
O design de superfície, neste caso, não só contribui para decorar o ambiente,
mas também informa sobre as variações de temperatura.
A
criação destes produtos podem surgir também das necessidade a partir da
verificação de adversidades do dia-dia, como as manchas em toalhas de mesa. Foi
a partir deste problema que a designer Kristine Bjaadal desenvolveu a toalha de
mesa floral Underfull (foto à direita). À principio é uma toalha branca de mesa
comum, com padrões florais, mas que aguarda pelo derramamento de uma taça de
vinho ou outro líquido para que outra padronagem escondida possa
surpreendentemente aparecer (4). E qual o segredo da mágica sobre a toalha? Em
cima da padronagem feita por meio do entrelaçamento de fios com a técnica do
jacquard, é aplicado um acabamento repelente à água, com áreas estratégicas
vazadas, sem o acabamento, que permite a absorção de líquidos, formando assim
outro padrão no mesmo tecido (5).
O
ideal destes produtos é que não sejam invenções gratuitas, sem propósito, que
não fujam da proposta do design, que é a de facilitar a vida das pessoas
trazendo consigo atributos estéticos e, por que não, interativos?
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