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terça-feira, 1 de novembro de 2011
ELIANE CANTANHÊDE
"A fera"
BRASÍLIA - "Conheço a fera. Na próxima semana ele já vai estar metido na política. Coitada da Marisa. A casa vai virar um fuzuê."
A frase é de um dos médicos do Sírio-Libanês que convivem há anos com Lula e bem sabem que "a fera" não vai se conformar com a ordem para ficar quieto e dar um tempo na política, para priorizar a saúde.
Tudo bem largar de vez a maldita cigarrilha, parar de tomar seus goles, controlar a gula e resistir às comidas pesadas de que tanto gosta.
Mas se afastar da política? Aí já é pedir demais para quem pensa, vive, dorme, acorda e se alimenta de política.
Quando Lula desceu a rampa do Planalto e voltou à planície, especulou-se que ele iria assumir cargos internacionais, ou passar um ano descansando não sei onde, e começaria no dia seguinte a articular a volta à Presidência em 2014. Nada disso.
Lula se deleitava com o poder, os holofotes e as mordomias, mas adorou se livrar da administração, da papelada que nunca lia, das solenidades entediantes, da legião de puxa-sacos e até do terno que foi obrigado a aturar em oito anos de mandato.
Embrenhou-se logo na eleição municipal de 2012 e sacou do colete o ministro Fernando Haddad para disputar a principal prefeitura do país, repetir a proeza da também neófita em eleições Dilma Rousseff e se transformar em mais um dos seus tantos troféus. Isso é um jogo para Lula, praticamente um vício.
Quem visita o ex-presidente diz que ele parece pinto no lixo moldando a candidatura Haddad, botando o PT paulista no bolso, divertindo-se com a agonia do PSDB (quem tem quatro candidatos não tem nenhum, só um medo danado de perder para o adversário inventado por Lula).
Quimioterapia é dureza. O cabelo cai, a barba se vai, o estômago embrulha, o cansaço pesa. Mas nem isso vai afastar "a fera" da política. E os médicos vão até gostar. Tanto quanto a químio, a política é tiro e queda para Lula derrotar o câncer.
elianec@uol.com.br
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