sábado, 12 de novembro de 2011



13 de novembro de 2011 | N° 16885
PAULO SANT’ANA


Leio todos os e-mails

As pessoas que me escrevem por e-mail têm de ter pelo menos uma certeza, que garanto para elas: eu leio todos os e-mails.

São tantos, tão caudalosos, que não há estrutura disponível a mim para respondê-los. Seria uma descortesia pedir que outra pessoa o fizesse.

Pois bem, então garanto que leio todos, é o mínimo que posso fazer.

Acontece, no entanto, que existem alguns e-mails que compreendem cinco, quatro, três páginas inteiras. É demais.

Há pessoas que escrevem 100, 200, 300 linhas. Já sei, deve ser por causa dessa garantia que lhes dei de que lerei todos.

Mas assim é demais. Eu já tinha escrito aqui que não leria e-mails que tivessem mais de 15 linhas. Mas não adiantou. Considero um verdadeiro abuso me mandarem 50, 100 linhas para que eu leia.

Pois não vou ler os que tiverem mais de 15 linhas. É um abuso me mandarem verdadeiros tratados, alguns fazendo relatos de como se safaram de determinadas situações, outros fazendo literatura ou tentando fazê-la, imaginando que podem tomar meu tempo a seu bel-prazer. Isto tem me irritado tanto, que chego a pensar que, houvesse um sistema eletrônico que eliminasse de plano esses abusos, não permitindo que eles proliferassem, eu o instalaria.

Então, já sabem, não vou ler os que têm mais de 15 linhas.

Ao mesmo tempo que saúdo todos os leitores sensatos que me escrevem menos de 15 linhas e que, na verdade, constituem a maioria esmagadora deles, que é sempre bem-vinda, que é meu conforto, meu encanto. Vivo dessa gente que se comunica comigo.

Mas os extensos que me perdoem, não vai dar para acolhê-los com minha atenção. Precisaria de uma tarde inteira para lê-los.

Por vezes, entre escrever bobagens e escrever sobre mim, prefiro escrever sobre mim. É certo que sou megalomaníaco, mas, escrevendo sobre mim, de alguma forma o que digo interessa a outras pessoas, a minha experiência pode ser também, em detalhes ao menos, igual à delas.

Por exemplo, se escrevo sobre minha depressão, isso interessa a todos que também se deprimem.

É que não é todo dia que posso dar nesta coluna o melhor de mim. Aquelas colunas filosóficas ou poéticas que, muitas vezes, como me mandou dizer um leitor certa vez, “acabam sendo coladas nas paredes das nossas cozinhas”.

Ter colunas coladas nas paredes das cozinhas de alguns leitores é um dos maiores orgulhos profissionais que desfruto.

Tem muita gente que se espanta – já venho eu de novo com este assunto chato – com o número de colunas que já escrevi em Zero Hora: mais de 16 mil em 40 anos.

Por falar nisso, dia 28 de novembro serei jubilado em solenidade por meus 40 anos de RBS.

Outros companheiros serão jubilados, por 10, 20, 30 anos.

Será jubilado também por 40 anos o presidente da RBS, Nelson Sirotsky, que, como se vê, entrou na empresa no mesmo ano que eu. Ele e seu cunhado Carlos Melzer.

E também será jubilado com 40 anos de RBS o fotógrafo Arivaldo Chaves, que já deve ter batido mais de 1 milhão de fotos nessas quatro décadas em nosso jornal. Que feito!

São vidas inteiras nossas consumidas no trabalho em uma mesma organização.

Esses dias, presenciei o contentamento esplêndido do presidente Nelson Sirotsky por estar sendo alvo dessa efeméride.

Eu sei como ele se sente, eu assim também me sinto: eu não posso acreditar que tenha conseguido ficar 40 anos nesta ribalta.

É o máximo e é demais. E orgulha a gente.

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