quarta-feira, 30 de novembro de 2011



30 de novembro de 2011 | N° 16903
PAULO SANT’ANA


De barriga cheia

Ainda repercute, Fernando Ernesto Corrêa, amigo dileto, a coluna que o Nelson Sirotsky escreveu pra mim na segunda-feira. Em toda parte que vou, só falam do Nelson ter ocupado sem eu saber a minha coluna. Fui ler anteontem a coluna que escrevi e dei de cara pela manhã com a coluna do Nelson, humilhando a todos os interinos históricos da minha coluna.

Chamou-me de Dom Quixote de La Mancha e elogiou o meu cérebro privilegiado. Os usuais interinos da minha coluna estão inconsoláveis.

Na mesa da solenidade dos jubilados, estavam presentes 15 médicos que me trataram e tratam. Infelizmente, a minha saúde é muito forte, era para estarem presentes 19 médicos, mas quatro deles faleceram durante o meu tratamento.

A Suzana Sirotsky Melzer mandou para a minha casa um buquê gigante com 500 rosas. A matriarca Ione Pacheco Sirotsky resolveu comemorar os meus 40 anos de RBS dando-me de presente um raro relógio de pulso Nathan.

E por aí vão as gentilezas de muitos para mim, reconhecendo estes anos todos em que servi à RBS e ao público.

Há dois dias, o senhor Jayme Sirotsky me assedia para tentar escrever uma coluna em meu espaço.

A noite dos jubilados da RBS reservou a todos e a mim grandes emoções.

Quando foram me entregar a escultura esplêndida com que me presentearam, o cantor contratado para a cerimônia, Pedro Verissimo, filho do colega Luis Fernando Verissimo, lembrou-se de que certa vez cantei no Jornal do Almoço, acompanhado no piano por Armando Manzanero, o maior de todos os boleros, Contigo Aprendí, de autoria do pianista. E Pedro interpretou na noite dos jubilados o bolero, para meu contentamento completo.

E contigo aprendi que a semana tinha mais que sete dias e aprendi também que eu nasci no dia em que te conheci.

Fui lá no palco cumprimentá-lo.

Depois de todas essas alegrias, resta-me aproveitar o e-mail que me mandou ontem o Roberto Sirotsky, daqui por diante, se a vida nos oferece todas essas mordomias sentimentais com que nos tem cumulado, só nos resta repetir o Zeca Pagodinho:

Eu estou descontraído

Não que eu tivesse bebido

Nem que eu tivesse fumado

Para falar da vida alheia

Mas digo sinceramente

Na vida a coisa mais feia

É gente que vive chorando de barriga cheia

É gente que vive chorando de barriga cheia.

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