sábado, 26 de novembro de 2011



26 de novembro de 2011 | N° 16898
PAULO SANT’ANA | CÂNDIDA SCHAEDLER*


Texto finalista do concurso Viver um dia de Paulo Sant’Ana, selecionado pelo titular da coluna para publicação na edição impressa de Zero Hora.

*Estudante do 3º ano do Ensino Médio, 17 anos, de Harmonia

Saudade onírica

Durante minha habitual sesta na redação de Zero Hora, tive um sonho muito estranho. Em parte, gostaria que ele fosse premonitório, mas sei que foi apenas minha fértil imaginação habitando até meu inconsciente. Porém, gostei tanto desse sonho, que vou compartilhá-lo com meus leitores:

Estava caminhando por uma Porto Alegre limpa, organizada, em que todos os transeuntes cumprimentavam-se uns aos outros com um educado bom-dia e um sorriso agradável. Os porto-alegrenses também caminhavam despreocupados, com ar satisfeito e sem medo de assaltos.

De repente – sonhos não têm sentido nem obedecem à ordem cronológica –, estava dentro do meu carro, dirigindo-o tranquilamente, em um trânsito sem engarrafamentos e no qual os motoristas se respeitavam. Em nenhum momento, outro carro cortou minha frente, buzinou porque eu andava dentro dos limites de velocidade ou ultrapassou o sinal vermelho.

Ao chegar à redação de ZH e entrar em minha sala, senti o cheiro da Páscoa, aquele ar característico que marcou de forma especial a minha infância. Vi-me feliz da vida por ter recebido os chocolates do coelho pascal e indo com a cestinha de vime comparar os meus doces com os dos meninos da rua onde morava.

Que saudade da infância tomou conta de mim naquele momento!

E, como se não fosse o bastante, ao abrir o jornal só li boas notícias. A Copa do Mundo, que já havia sido realizada no Brasil, gerou bons lucros para o país e trouxe melhorias que perduraram e melhoraram consideravelmente a vida de muitos brasileiros.

O sistema de saúde também havia melhorado muito. Filas quase não existiam mais e os políticos investiram corretamente nessa área. O nível de educação da população brasileira também estava altíssimo, um dos melhores do mundo. Inacreditável!

Mais incrível ainda foi chegar à seção de esportes e ler que o Grêmio estava em primeiro lugar na tabela do Brasileirão e que, no ano anterior, havia se consagrado campeão do Mundo!

Na melhor parte, quando vi que os coqueiros diretamente ligados à minha infância estavam bem no meio de meu escritório e eu estendia a mão para apanhar um coquinho, acordei com um sobressalto ao sentir um colega sacudindo-me com força: “Sant’Ana, tu estavas andando enquanto dormias. Chegaste até a estender a mão para o nada, como se quisesses pegar algo. Achei estranho”.

Certa vez, escrevi que “na vida, a fantasia sempre dá de goleada em prazer na realidade”. Bem que eu gostaria de ter ficado dormindo mais um pouco. Pelo menos só até apanhar um coquinho e me deliciar com o doce da minha infância mais uma vez.

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