sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Jaime Cimenti

Brasília, Brasil, o futuro chegou faz tempo

Brasília ainda é chamada de A Ilha da Fantasia por muitos. Fantasias concretizadas, na maioria, claro, outras nem tanto. Uns a chamam a cidade de autorama, pela quantidade de carros circulando velozmente nas imensas curvas e retas. Uns dizem que a cinquentona é um museu a céu aberto. Museu do futuro, talvez.

O futuro já chegou por lá faz tempo e já até envelheceu. O Plano Piloto tem renda per capita altíssima, qualidade de vida, preços e cara de Bélgica, mas começa a ter problemas típicos de metrópole: falta de estacionamentos, engarrafamentos, criminalidade, tráfico de drogas, mendigos, moradores de rua, preços altíssimos, sujeira nas ruas e outras dificuldades típicas de grandes cidades.

Um certo ar provinciano ainda envolve Brasília, com seus personagens e suas colunas sociais, repletas de emergentes, negócios e poderosos de vários gêneros. Mesmo no Plano Piloto, que uns dizem que deveria ter formato de camburão e não de avião, e, principalmente, na periferia, nas cidades-satélites, as coisas estão bem complicadas nas áreas de educação, transporte, saúde e segurança.

Acidentes de trânsito diários com mortes, transporte público precário, violência doméstica crescente, mortes diárias por infarto ou AVC, entre outras coisas noticiadas todos os dias pelas mídias locais, apresentam índices mais do que alarmantes.

Por vezes é melhor não ouvir rádio, assistir TV ou ler os jornais da capital. Tem horas que é melhor curtir os melhores espetáculos de Brasília: o céu, o sol, os poentes, o clima e as centenas de gansos do Parque da Cidade, onde ninguém deve deixar de tomar as águas dos côcos abençoados e comer as melancias e abacaxis geladinhos.

Para o bem e para o mal, Brasília representa um pouco de tudo e todos do Brasil. É nossa amostra, nossa síntese, nossa geleia-geral. Brasília se tornou o Brasil, seu retrato em cores ou em branco e preto, em tamanho 3x4 ou pôster. Nem dá mais para dizer: mais Brasil, menos Brasília.

Está tudo embolado. Estamos todos juntos e é melhor mesmo que Brasília seja o Brasil. O bom Brasil, o Brasil do bem, aquele que a gente sonha para os filhos, netos e bisnetos e até para os que já dobraram o Cabo da Boa Esperança. Nosso grande negócio, nossa maior matéria-prima, ainda é a esperança. Que é a última que não deve morrer.

Gostoso fim de semana para você, leitor deste blogger. Aproveite.

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