quinta-feira, 10 de novembro de 2011



10 de novembro de 2011 | N° 16882
ARTIGOS - Nylza Osório Jorgens Bertoldi*


A educação no admirável mundo digital

Afinal, a visão educativa dos novos tempos altamente inovadora e complexa possibilita a reflexão e a compreensão da realidade que o mundo virtual oferece?

Na era da informação, dos apelos visuais, das relações virtuais, a inclusão digital na educação ainda é um fato polêmico e um pouco distante daquilo que se concebe como insofismável paradigma a serviço dos fins pedagógicos. Tudo leva a crer que não será a curto prazo um recurso para reverter o analfabetismo e a qualidade do ensino em nosso país.

O mundo planetário que escancarou suas portas às redes sociais produzindo cultura e informação num alcance geográfico sem dimensões ainda encontra entraves em países com altíssima difusão das tecnologias digitais, como por exemplo, nos Estados Unidos onde não há um consenso para o uso em fins pedagógicos por conta da regulamentação específica a programas educativos.

A idolatria à internet, em efervescência no universo escolar, não possui uma legislação própria para o uso consciente da rede. E isso se deve ao excessivo e diversificado acesso disponível para fins não didáticos.

Virando a página do fantástico mundo novo, a educação pede passagem. Repensar, pois, a escola, para lidar com as novas ferramentas digitais e o perfil do aluno que recebe é imposição imediata. Leve-se em consideração que a criança desde muito cedo explora o computador, o mais novo brinquedo da infância precocemente induzida a esta convivência perversa pelos efeitos que produz: individualismo, sedentarismo, déficit de atenção. São os “nativos digitais” com domínio absoluto das novas linguagens e das informações obtidas pela internet sem o adequado controle que agregue conhecimentos positivos.

A capacitação dos docentes para competir com “esses gênios digitais” é árdua tarefa para a universidade. Além de laboratórios de informática, a escola necessita disponibilizar mais tempo para o preparo de aulas e, aos professores, um contínuo apoio pedagógico. Educar não é um ato efêmero e como tal pressupõe competências: conhecimento, informação e inclusão digital, ética, habilidades, compreensão, limites e afetos.

Na verdade, a educação foi atingida em suas competências pelo poder das redes sociais que agregam conhecimento e informação, mas o valor educacional não é consensual admitindo-se que pode causar danos éticos contrastando com a finalidade humana da educação. Para tanto não se pode menosprezar o jeito tradicional de ensinar nem o jeito moderno de aprender. Nenhum computador na sala de aula substitui a presença insubstituível do professor.

O Brasil, que é pródigo em importar modelos educacionais de outros países, poderia espelhar-se na China, que valoriza e remunera os docentes da educação básica acima dos docentes universitários, porque, se a base for sólida, a qualificação dos níveis superiores será diferenciada.

É fácil contemplar o admirável mundo novo com o olhar de quem vê a luz no fim do túnel; difícil é direcionar este olhar para aqueles que cavam o túnel à luz de velas.
*Escritora e educadora emérita do Rio Grande do Sul

Hoje continua a oficina de Autoavaliação de 500 pontos do Gespública na CAIXA, com a CAIXA, SEMAE e UFRGS

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