Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
15 de novembro de 2011 | N° 16887
DAVID COIMBRA
Lindo e trigueiro
O Brasil já foi o mulato inzoneiro de Ary Barroso. Hoje não é mais. O que o Brasil é hoje, isso ninguém sabe. O Brasil vive uma crise de identidade, um atormentador dilema existencial, vive cheio de dúvidas e crises, como se estivesse atravessando a adolescência. E talvez esteja. Afinal, um país com 500 anos de idade ainda é jovem, embora já tenha enfrentado suas vicissitudes.
A tendência mais poderosa é de que o Brasil, adulto, se transforme em conservador, moralista e repressor. É até uma reação natural aos seus pregressos anos de loucuras. O ex-drogado se torna o crente fervoroso, o carola inflexível, não é assim? É como se só houvesse dois caminhos na vida: o certo e o errado, o bom e o mau. Se antes tudo era permitido, agora tudo deverá ser proibido.
Hoje, uma cantada pode virar “assédio”, praticamente um estupro.
Hoje, as velhinhas que querem dissipar a aposentadoria no bingo correm o risco de ir para a cadeira elétrica.
Hoje, os fumantes têm de se recolher ao leprosário para pitar.
Mas o maior símbolo da crise espiritual do país é o combate à combinação de álcool com direção. Atenção: quero deixar claro, frisado e sublinhado que SOU CONTRA quem dirige embriagado. Só que a lei brasileira não concede ponderações. O sujeito vai ao restaurante com a mulher e partilha com ela uma garrafa de vinho durante a refeição?
Se ele fizer isso, terá de voltar para casa de táxi, porque no inseguro transporte público nem pensar. Mas como confiar no serviço dos táxis da cidade? Você já andou de táxi por aí? Já dependeu de táxis? Eu já, e posso aferir: o serviço é caro e inconfiável.
Então, como cumprir a lei?
O perigo da lei draconiana é que ela clama pela burla. O cidadão, acossado por uma exigência que não pode atender, simplesmente encontrará meios de não atendê-la. Diante do moralismo feroz que está tomando conta da sociedade, as pessoas só poderão reagir da forma mais humana e inteligente possível: mentindo. A hipocrisia é a resposta à tirania.
Mas todos os indícios apontam para um caminho sem retorno: o Brasil está se endurecendo, está se tornando intolerante. E isso se reflete no futebol. O Campeonato Nacional virou essa meleca europeia de pontos corridos, sem a indispensável avaliação da resistência psicológica de um time que só uma final é capaz de fazer. E o futebol brasileiro virou um futebol careta e mal-humorado, um futebol duro, que exige garra e raça e empenho e esquece que, às vezes, o bom mesmo é ser só inzoneiro.
O meu campeão
Torço para que o Figueirense seja o campeão brasileiro deste ano.
Merece-o.
O Figueirense é um símbolo deste campeonato muquirana e do atualmente muquirana futebol brasileiro. Porque, ora, o Figueirense é um time bem muquirana. Hoje, trata-se do melhor time ruim do Brasil, como no primeiro semestre foi o Coritiba. Não tem nada, o Figueirense, com a provável exceção daquele Nem, que tem todas as chances de se tornar mais um atacante mediano do mediano futebol brasileiro. Ou seja: é o time perfeito para ser campeão.
Coisas... acontecem
O Inter perdeu para o Cruzeiro, mas jogou bem.
O Inter tocou 3 a 0 no Palmeiras, mas jogou mal.
Coisas ruins e coisas boas acontecem sem que às vezes haja razões para que tenham acontecido.
Alto risco
Kleber não quer jogar no Grêmio. Se é por causa das filhas, se é por causa da mulher, se é porque não gosta de azul, não interessa. O que interessa é que ele NÃO QUER jogar no Grêmio.
Se vier, será só por dinheiro.
Muitos jogadores jogam em Porto Alegre só por dinheiro, sem problemas. Muitas pessoas fazem muitas coisas a contragosto apenas para ganhar dinheiro. Mas, se essas pessoas são sensatas, elas se conformam com a situação, elas acabam se adaptando. Às vezes até gostam de fazer o que se obrigaram a fazer.
Kleber, porém, não parece ser capaz de ponderações do gênero. É um tipo inquieto e instável. Se agir de acordo com sua própria biografia, não suportará um contrato de cinco anos em um clube no qual não quer jogar.
A contratação é cara, o jogador tem qualidade, mas o risco é alto.
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