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sábado, 12 de novembro de 2011
Jaime Cimenti
História macabra e encantadora na Nova Inglaterra
O bom ladrão é o primeiro romance da escritora norte-americana Hannah Tinti, autora da antologia de contos Verdadeiros animais, publicada no Brasil pela Editora Rocco, finalista do prestigiado PEN/Hemingway Award e com direitos de publicação vendidos para quinze países.
O bom ladrão foi agraciado com o Prêmio John Sargent, Sr. First Novel Prize, em 2008. Editora da revista One Story, Hannah nasceu e foi criada em Salem, Massachusetts. Ela tem sido aclamada como uma das autoras mais promissoras dos Estados Unidos.
Ambientada nos confins da Nova Inglaterra, a história gira em torno de Ren, doze anos de idade, que desde bebê vive num orfanato. Ele não tem a mão esquerda e a maneira como a perdeu é um mistério. Quando um homem chamado Benjamin Nab aparece dizendo ser o irmão de Ren, as coisas começam a mudar. A história pouco convincente sobre a perda da mão do irmão faz com que os monges permitam que o garoto deixe o Orfanato Santo Antônio para Meninos.
Longe do isolamento e do trabalho árduo da instituição, Ren ganha nova esperança.
Passa a ter uma vida de aventuras num submundo repleto de golpistas, ladrões de túmulos, médicos loucos e assassinos cruéis. A trajetória lembra a de Oliver Twist, inesquecível personagem de Charles Dickens.
A atmosfera sombria dos textos de Robert Louis Stevenson e o humor incomum das peripécias de Harry Potter também estão nas páginas da narrativa, ao mesmo tempo, macabra e encantadora. Mas seria Benjamin realmente irmão de Ren? Poderia ele resolver os enigmas que sempre envolveram Ren, que, por sua vez, no orfanato, desenvolveu a obsessão estranha de se apossar de pequenos objetos através de furtos.
Essa habilidade poderia ser seu ganha-pão fora das paredes do orfanato. Ren está sendo considerado um dos mais fascinantes jovens heróis da literatura norte-americana contemporânea. Ben era um grande enganador, um vigarista.
A família que Ben ofereceu a Ren não era aquela sonhada pelo menino, com um pai trabalhador, os cafunés de uma mãe carinhosa e uma mesa farta. Os “familiares” eram punguistas, pequenos ladrões e negociantes do mundo-cão, envoltos num clima absolutamente gótico.
O bom ladrão confirma o talento que Hannah tinha revelado em sua coletânea de contos Verdadeiros animais. Editora Rocco, tradução de Auguso Newton Goldman , 336 páginas, www.rocco.com.br.
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