domingo, 27 de novembro de 2011


CAMILA FUSCO - ENVIADA ESPECIAL A CARY

Melhor empregadora é pouco conhecida

Com mimos aos profissionais, SAS Institute consegue reter mais funcionários do que a média do mercado de tecnologia

Empresa de software corporativo bateu Google e Microsoft na preferência dos empregados

Com um décimo da receita anual do Google e menos 20% da equipe da Microsoft, o SAS Institute, empresa americana de software, consegue desbancar os gigantes do setor numa questão sensível para todas as companhias: a preferência dos funcionários.

Virtual desconhecida do usuário-padrão de tecnologia -o SAS produz softwares corporativos de inteligência de negócios-, a empresa sediada em Cary, Carolina do Norte, há dois anos mantém o título de melhor empresa para trabalhar, segundo o ranking da revista "Forbes'', que avalia cem companhias.

O trunfo não está nos salários -o SAS nem aparece na lista dos melhores pagadores-, mas na lista de mimos, que inclui academia completa, spa, serviços e vários tipos de incentivo à formação.

Também passa pela política pouco comum na indústria de software de não demitir ninguém depois das aquisições -foram nove nos últimos anos. Hoje são 13 mil funcionários no mundo.

É com essa estratégia -criticada por diversos especialistas por seu custo elevado- que o SAS consegue se manter como a empresa com menor índice de rotatividade da indústria de software: 2%, ante a média de 20%.

"Todos os dias os meus maiores ativos saem pelos portões. É necessário oferecer oportunidades para que eles voltem, principalmente quando falamos de profissionais muito capacitados, como pesquisadores e PhDs", diz Jim Goodnight, fundador do SAS.

Maior empresa privada de software do mundo, com receitas anuais que devem chegar perto de US$ 3 bilhões em 2011, o SAS tem no desenvolvimento de software de análises e previsões de negócios seu principal filão.

Matemáticos e estatísticos estão entre os principais componentes de sua força de trabalho. Reter esses funcionários significa poupar ao menos US$ 40 milhões em custos de treinamento.

Quem entra na empresa encontra mais de 4.000 esculturas espalhadas pela área de 1,2 milhão de metros quadrados, além de exposições de quadros e pedras preciosas e música erudita ao vivo.

"Não temos o compromisso com Wall Street de dizer todos os trimestres quais serão nossos resultados. Podemos nos concentrar no desenvolvimento de produtos e, para que isso seja bem feito, podemos dar essas oportunidades adicionais aos funcionários", diz Goodnight.

FUNCIONÁRIOS PAGAM

A maioria dos serviços oferecidos aos funcionários é paga, embora subsidiada.

Pelo uso integral da creche e do centro de educação infantil, os pais desembolsam US$ 400 por mês. O uso do centro esportivo é pago.

Consultas médicas no centro de saúde também são cobradas e quem não comparece ao compromisso é multado em ao menos US$ 10.

A prática da cobrança destoa de muitas das gigantes de tecnologia. Isso, porém, não parece incomodar os funcionários, que têm poucas opções na cidade de pouco mais de 150 mil habitantes.

"O que o funcionário gosta é de ter a possibilidade de acessar os benefícios de forma flexível e ter a sensação de que está sendo servido pela companhia", analisa Carlos Eduardo Altona, sócio da consultoria em recursos humanos Exec Partners.

O SAS tem como principal desafio manter o ritmo de crescimento ao mesmo tempo em que planeja a sucessão de seu presidente.

Há 35 anos, a companhia nunca viu declínio nas receitas. Aos 68 anos, Goodnight se mantém ativo à frente das operações.

Para os analistas, o desafio do SAS está em manter o nível de inovação mesmo com a saída provável do fundador na próxima década.

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