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quinta-feira, 24 de novembro de 2011
24 de novembro de 2011 | N° 16896
CRISE GLOBAL
Pensando o impensável
Embora o relatório do Banco Central da Grécia que condiciona a permanência na zona do euro à aprovação de reformas represente mais pressão do que projeção, em análises econômicas o abandono da moeda comum é avaliado há meses.
Nesses exercícios, até o dia ideal para a Grécia abandonar o euro é discutido: uns preferem uma sexta-feira, para reduzir o número de dias em que os bancos teriam de ficar fechados, outros recomendam domingo pela manhã, quando todos os mercados estariam fechados.
Como reimprimir dracmas suficientes para substituir cédulas de euros demoraria algum tempo, seria necessário um período de transição ou a permissão para uso temporário das notas atuais como se fossem dracmas. Euros são impressos com uma letra no número de série que identifica o país – Y, no caso da Grécia – o que facilitaria o trabalho.
Mais difícil é projetar o novo valor do dracma. A única certeza é que seria bastante inferior à cotação do euro, tanto pela debilidade econômica do país quanto porque a desvalorização seria a maior vantagem grega num eventual abandono do euro. Uma das muitas dúvidas é como ficariam os empréstimos à Grécia, mas o mais provável é que se mantivessem em euros, já que a moeda comum tenderia se valorizar frente ao dracma – ou seja, se houvesse conversão, a dívida cresceria ainda mais.
É previsto um nó no sistema de câmbio, ao menos no período inicial, o que complicaria a importação de produtos essenciais e até o turismo, grande fonte de receita no país. Essa situação pode exigir controle de capitais no país, mas até essa medida extrema já entrou no cenário surreal desenhado pela crise.
marta.sfredo@zerohora.com.br
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