terça-feira, 29 de novembro de 2011



29 de novembro de 2011 | N° 16902
PAULO SANT’ANA


Todas as injustiças

Nada provoca mais medo do que a injustiça. É errado quando um juiz é mais temido por ser provavelmente um emanador de injustiça do que por adotar severidade em nossa pena, caso cometamos concretamente um delito.

Mas a verdade é que todos tememos isso.

Tememos a injustiça no trabalho. Qualquer chefe, gerente, diretor, pode demitir-nos sem que o mereçamos.

Tememos a injustiça da calúnia e da mentira. Execramos a injustiça salarial.

Tememos a injustiça que possa vir do julgamento dos nossos filhos sobre a educação que lhes demos.

E tememos até a injustiça que nos possa fazer a posteridade.

Tememos a injustiça que nos possa fazer a velhice batendo em nossa porta antes da felicidade ou até mesmo durante a felicidade.

Tememos a injustiça da chegada da doença quando a vida nos era mais apetecida.

Lamentamos a injustiça da infância perdida. Quando mais aptos éramos para sermos felizes, sofremos aquelas bárbaras agressões que se transformaram em traumas para nós. Ninguém é mais maldito do que o carrasco que nos agrediu ou desprezou na infância.

Agressões sofridas por nós depois de estarmos maduros doem infinitamente menos do que nos doeram no corpo e na alma as agressões que sofremos na infância, foi uma irrecuperável injustiça.

Mais desventurados são os que sofrem a injustiça social e falta-lhes à mesa o que sobra no lixo dos bem situados.

É uma injustiça nascer fraco e ver tantos fortes ao seu redor. É injustiça nascer cego, mudo ou surdo, todas as desvantagens físicas ou intelectuais com que se tenha nascido são miseráveis injustiças.

É uma injustiça não gostar de música como é uma injustiça não ser gremista.

Pode haver maior injustiça do que um delegado de polícia ganhar menos da metade do que ganha um procurador?

Ou é mais injusto o salário de fome que pagam aos professores estaduais?

Da minha parte, o destino só me traçou uma injustiça: eu não saber tocar violão. Tentei aprender violão, contratei na juventude até um professor de violão, não teve jeito, nunca consegui vibrar nas cordas sequer um acorde.

Se eu soubesse tocar violão, seria dono do mundo, todas as portas se abririam para mim.

Mas a maior injustiça que fizeram para mim foi quando me colocaram a escrever aqui neste canto escuro do jornal: penúltima página.

Se tivessem me posto a escrever na segunda ou terceira página de Zero Hora, eu bateria todos os recordes de leitura e seria muito mais conhecido e reconhecido nas ruas do que sou.

Em encontro realizado depois do jogo de domingo, ficou decidido oficialmente no Grêmio que, caso o tricolor vença o Gre-Nal, Celso Roth permanecerá no clube para 2012. E, mesmo que empate o Gre-Nal, caso o Inter não se classifique para a Libertadores, Roth permanecerá no Olímpico.

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