terça-feira, 22 de novembro de 2011



22 de novembro de 2011 | N° 16894
PAULO SANT’ANA


Uma greve infeliz

Eu queria que me explicassem só uma coisa: como é que na assembleia geral do Cpers havia menos de 4 mil professores que decidiram pela greve, mas a categoria tem mais de 90 mil professores?

Está na cara que os menos de 4 mil presentes na assembleia eram ativistas arrastados para o local pelo Cpers.

Eu sei que a norma é que se faça ou não se faça uma greve de acordo com a votação verificada na assembleia.

Mas não tinha o Cpers que possuir a sensibilidade de perceber que esta greve dos professores não era querida pela classe?

Fica evidente que terão de ser mudados os critérios para a decretação das greves. Assim não pode continuar.

Chega a ser alarmante que esta greve seja indesejada pelos alunos, pelos pais dos alunos... e seja indesejada também, isto é incrível, pelos próprios professores.

Mas isto não é uma greve.

É um logro.

De quem foi a mente mefistofélica que decidiu fazer uma greve no fim do período letivo? Quem foi o gênio do mal que bolou esta greve?

Mas, se os próprios professores não queriam esta greve, como ela pôde ter sido deflagrada?

Vou mais longe, depois da parca adesão à greve pelos professores, ontem, havia professor que não compareceu à escola mas era contra a greve.

Esta greve é irresponsável, indevida, inoportuna, impropícia. E além de tudo é ineficaz.

Foi tramada por amadores, por gente que não entende do riscado.

É uma greve que será trágica se malsucedida. E mais trágica ainda se for bem-sucedida.

Uma greve infeliz.

O que vocês acham de uma greve que, antes de ser decretada, foi objeto de uma pesquisa interativa do programa Polêmica, que perguntava aos ouvintes se seria certo fazer a greve e computava o resultado das respostas.

Uma só e mesma pessoa telefonou 47 vezes para o programa dizendo que era a favor da greve. E outros tantos fizeram o mesmo.

Ou seja, a greve começou com uma fraude.

Retiro a palavra amadorismo para colocar a palavra gangsterismo.

É uma pena que aconteça isso. Os professores gaúchos são abnegados, esforçados, compenetrados, competentes.

Merecem ganhar o piso nacional do magistério. Não mereciam uma greve urdida em cima desses méritos.

E o pior: o Cpers sabe, tem certeza de que os professores estaduais gaúchos vão acabar ganhando, dentro de algum tempo, o piso.

Fizeram a greve só para serem notados, para se exibir perante a classe e a população.

A nobre causa do magistério está sendo malbaratada pelo Cpers.

Eu avisei três dias antes da decretação desta greve espúria que ela era indevida e irresponsável.

Uma greve só se faz quando todas as classes concordam com ela. Com esta greve de ontem, até os professores não concordam.

Mas que greve afinal é esta?

paulo.santana@zerohora.com.br

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