sábado, 5 de junho de 2010



06 de junho de 2010 | N° 16358
DAVID COIMBRA


Os perigos da tecnologia

Toda essa tecnologia. E certas coisas ainda acontecem. Quer ver? Celular. Ainda outro dia eu e meu amigo Degô estávamos diante de copos de chope dourados como a Aline Moraes e fui acomodar o celular no bolso da minha elegante camisa verde-sargento e o Degô:

– Cuidado! O celular assim perto do peito pode alterar o ritmo do coração! Pode dar enfarte!

Assustei-me. Bem que andava sentindo umas palpitações estranhas. Resolvi colocar no bolso das calças, mas lembrei que alguns juram que as ondas do celular fritam o cérebro.

Não que meu cérebro se situe nas proximidades do bolso da calça, mas pense: se as ondas do celular fritam o cérebro, podem fritar outras partes importantes e sensíveis do corpo humano. Tirei o celular daquelas cercanias e o deixei deitado na mesa, longe de mim.

Quando dirijo também mantenho o celular à distância e no silencioso. Porque, se toca e o atendo, posso bater o carro. Ou levar uma multa de um dos atentos azuizinhos acampanados atrás das árvores.

Se vou entrar em um posto de gasolina, faço questão de desligar o celular. Vi, acho que no You Tube, o filme de um cara que foi atender ao celular em frente a uma bomba de combustível e o celular gerou uma faísca que fez explodir toda a gasolina armazenada no posto, o cara, o frentista e a quadra inteira. Jesus Cristo!

Mas o celular me deixa nervoso mesmo, mesmo é em aviões. Há 200 pessoas lá dentro, todas com seus celulares. O piloto avisa com insistência que não podemos ligá-los. Mas e se algum desses fominhas por celular, tipo o Potter, o Professor Juninho ou a Mariana Bertolucci, e se um deles estiver no voo e resolver ligar aquele troço? Sabe como eles são... Eles não resistem a um celular. Aí as malditas ondas do celular vão embaralhar o computador de bordo e o avião vai cair. Comigo dentro! Que mantive o meu celular prudentemente desligado!

O Professor Juninho e a Mariana não estarão no voo para a África, agora segunda-feira, mas o Potter estará. Espero que tirem o celular do Potter no aeroporto.

Como é que eles deixam a gente andar com celular por aí? Celular é um troço perigosíssimo. É menos arriscado portar uma granada do que um celular.

Isso é a tecnologia. Você pensa que vai facilitar, não facilita; dificulta. Assim a tal bola da Copa. A Jabulani. Toda tecnológica e, segundo os jogadores, sai de revesgueio quando chutada. Que saudade das velhas bolas de couro número 5. Que saudade do telefone de disco, que não fazia mal a ninguém.

*
Quem vai ganhar a Copa

O time do craque sempre é o favorito para vencer qualquer campeonato, sobretudo uma Copa, que é campeonato para craque, não é como esse troço de pontos corridos que qualquer um ganha, até time que tem o goleiro como craque.

Bom. Quem é o craque dessa Copa?

Messi.

Logo, a Argentina é a favorita. Mais: a Argentina é um dos Big Five. Quer dizer: é time grande. Larga na frente. Um único passo na frente, porque o craque precisa confirmar sua craqueza, mas às vezes um passo é o que basta.

Um quase Pelé

Ninguém foi mais craque da Copa antes da Copa do que Ronaldinho em 2006. Ronaldinho, se fizesse naquela Copa o que se esperava dele, hoje Ronaldinho seria Pelé. Seria um semideus. O que aconteceu com Ronaldinho naquela Copa é mais misterioso do que o apagão de Ronaldo em 1998. Porque Ronaldinho faliu e nunca mais se recuperou. Tornou-se um comum. Só mais um grande jogador, entre tantos grandes. Uma Copa é capaz de fazer isso.

Os meninos e os homens

Hoje ninguém mais usa buclê, salvo o meu amigo Cabeça. O Cabeça fica muito elegante num buclê e é por isso que a mulher dele, a Deinha, vive dando buclês de presente para ele.

Buclê, telex, seletor de canais, Bonanza, canjica, nada disso tem significado para as novas gerações. Mas há o que seja sempre fundamental, como a personalidade na hora da decisão. Os grandes fazem diferença nas grandes ocasiões. É o que sempre digo: é aí que são apartados os meninos dos homens. Na decisão, o grande bate no peito e diz:

– É comigo.

Grêmio e Inter já tiveram grandes. Como Figueroa, que repetia:

– A área é minha casa. Nela só entra quem eu quiser.

Ou como Oberdan, que, ao chegar ao Grêmio, anunciou:

– Neste time ninguém vai chorar quando formos campeões.

Mas isso era no tempo em que se usava buclê.

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