Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
08 de dezembro de 2009 | N° 16179
LUÍS AUGUSTO FISCHER
Mensaleiros no país do futuro
O prezado leitor faça comigo as contas: ao que tudo indica, PSDB, PT, PTB e DEM, além de PMDB e outros partidos menos relevantes, se beneficiaram de algum esquema de caixa 2 continuado.
Esquema engenhoso, para o bolso deles: estando no poder ou em vias de chegar a ele, políticos corruptos desses partidos ganham dinheiro de empresários corruptores, em nada suaves prestações, dinheiro esse que os empresários corruptores acrescentam no custo de obras que prestam para os órgãos públicos que estejam debaixo da asa daqueles políticos corruptos.
Perfeito, para eles, e sem mistério: quem vai pagar a conta vai ser essa entidade vaga, abstrata, desencarnada e sempre disponível para discursos vazios chamada “o povo”, quer dizer, o contribuinte comum, incluindo o prezado leitor e eu.
Eis aí um dos motivos (e não pequeno, por certo) para o alto custo e a igualmente alta ineficiência dos serviços públicos que deveriam ser prestados a nós – pensemos apenas em dois, saúde e segurança. Enquanto isso, nossa Justiça se refestela em preciosismos, filigranas, arrebiques e golpes verbais de parnasianismo, tudo bem pago e férias duplas.
É um horror, para o qual nós não temos conseguido reunir forças de combate adequado, nem mesmo aqui no estado. A massa vota segundo uma imagem positiva que faz desses mesmíssimos corruptos, que se apresentam como benfeitores, como provedores, como pais simbólicos para os desvalidos.
Na ausência, na conivência ou na fraqueza de instituições públicas que façam a crítica – escola decente e jornalismo ativo, em especial –, está fechado o circuito. E ficamos nós aqui, com esta cara de tacho, cheios de razão e sem força de reação.
Mencionei o “país do futuro” lá no título em alusão a um livro clássico, que merece leitura (agora em nova e competente tradução, de Kristina Michahelles, edição da L&PM) sempre: Brasil, Um País do Futuro, um misto de relato de viagem com ensaio histórico escrito por Stephan Zweig. Merece leitura nem que seja para permitir-nos um exercício de contraste entre o que poderíamos ser e o que somos.
Em 1941, na primeira edição, o livro fazia figura de elogio puro e simples ao país, por parte de um deslumbrado europeu que, naquela altura, sentia na pele a diferença entre a intolerância racial e social, que se adonara da Europa ocidental, e a visível tolerância imperante em nosso país. O Brasil pareceu a ele o país em que as pessoas se abraçam por nada, a toda hora.
Previu um grande futuro para nós, em que não teríamos mais que conviver com a pobreza das favelas. Como profeta, um desastre; mas a simpatia que expressou por nosso povo – o mesmo povo aquele lá de cima – é comovente.
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