sábado, 12 de dezembro de 2009



12 de dezembro de 2009 | N° 16183
NILSON SOUZA


Planeta Tecnologia

Tem um brinquedinho novo circulando pela Redação de Zero Hora. Outro dia estive com ele nas mãos e até me diverti um pouco procurando notícias e artigos para ler numa tela do tamanho da página de um livro.

É um aparelhinho de simples manuseio e que também facilita a leitura de textos, pois permite até mesmo ampliar o tamanho das letras. Chama-se kindle, que em inglês significa acender, brilhar, iluminar.

Trata-se do leitor eletrônico fabricado pela empresa norte-americana Amazon, com a pretensão de que logo se torne o substituto do livro. Ou de muitos livros, pois nele cabe uma biblioteca inteira. E pode-se consultar também todos os jornais do dia.

Porém, depois de manuseá-lo por alguns minutos sob a orientação do nosso especialista em tecnologia Renato Santos, concluí que o livro de papel vai sobreviver por muito tempo ainda.

Eu, pelo menos, jamais leria uma obra de 300 ou 400 páginas naquele equipamento. Mesmo nos computadores maiores, a leitura longa me parece uma tarefa impossível. Desconheço alguém que tenha lido um livro inteiro no monitor. Mas admito que o tal leitor eletrônico é apropriado para consultas e leituras rápidas. Jornais e revistas talvez estejam mesmo ameaçados pelo novo aparato.

O livro, não!

No meu entender, a ameaça ao livro é outra: a ansiedade da vida moderna. São cada vez mais raros os leitores com paciência para folhear páginas e páginas apenas pelo prazer de conhecer o fim de uma história ou pela satisfação de adquirir um novo conhecimento. Estamos todos viciados em coisas que reagem, que nos dão respostas prontas, que nos oferecem retorno imediato para nossas dúvidas e angústias.

O celular popularizou-se porque é um objeto mágico, fala conosco, coloca amigos e parentes ao nosso alcance, oferece-nos som e imagem, permite trocar mensagens e dados com outras pessoas.

O computador e todos os seus congêneres miniaturizados possibilitam a informação instantânea, mas invariavelmente dão acesso apenas ao superficial, à parte visível do iceberg.

A profundidade ainda está nos livros.

E o livro, embora não pareça, também pode ser interativo. Só que, para isso, exige dos seus usuários uma habilidade que a maioria dos habitantes do Planeta Tecnologia talvez já não necessite exercitar: a imaginação.

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