sábado, 19 de dezembro de 2009



20 de dezembro de 2009 | N° 16192
PAULO SANT’ANA


Jeito de falar

O vice-presidente da República, José Alencar, vive há anos sério dilema de saúde, tendo sofrido já 15 cirurgias ao redor do intestino, devendo já ter reconstituído a bexiga.

Ele vive uma odisseia da saúde que comove todas as pessoas que dele têm conhecimento.

Esses dias, ao encontrar-se com Lula, o presidente procurou consolá-lo com aquele jeito peculiaríssimo de falar: “Olha, Zé, tu estás muito melhor agora do que quando tu estavas são”.

Na semana passada, o Brasil inteiro assistiu pela televisão aos cavalarianos da PM de Brasília investirem de modo brutal contra os manifestantes que à frente do palácio governamental pregavam o impeachment do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

As imagens chocaram porque davam a impressão de que um governador corrupto, apanhado pela câmera de televisão enchendo os bolsos de dinheiro correspondente a um mensalão, estava a defender sua locupletação com a ajuda da cavalaria.

Os cavalos passavam por cima de alguns manifestantes que caíam. Parecia também um governo ditatorial oprimindo seu povo nas ruas.

Mas magistral mesmo foi a explicação do coronel PM que comandou as tropelias e os espancamentos: “Os cavalos foram para cima dos manifestantes, alguns atropelaram-nos com violência, mas os animais não tiveram a intenção”.

A intenção, claramente, foi do próprio coronel.

E, como dizia a minha prima Dolores: “Ando em busca de um homem. Marido eu já tive”.

Recebi algumas mensagens de leitores dando conta de que em Paris as bicicletas de aluguel estão sendo furtadas e danificadas, como no Rio de Janeiro.

Mas o leitor João Inácio Ribeiro (joaoinacioribeiro@gmail.com) me manda dizer: “Moro em Dublin, Irlanda, tenho 27 anos e há quatro anos resido aqui. O sistema de bicicletas de aluguel foi implantado aqui há três meses e é um absoluto sucesso”.

Impressiona-me o número de brasileiros que me leem na Europa. Em Barcelona, o furto de bicicletas é pequeno. Um leitor manda informações de lá sobre o sistema que faliu no Rio em face dos furtos e da depredação:

“Prezado Paulo Sant’Ana!

Gostaria de explicar como funciona o sistema público de bicicletas aqui em Barcelona, que foi instalado há mais de três anos. Para ter acesso ao sistema, a pessoa interessada deve fazer um cadastro na internet, preenchendo um formulário que solicita dados como identidade, endereço e um número de cartão de crédito.

Ao aceitar, estará formalizando um contrato de uso com a empresa que gere o sistema e recebe em casa, alguns dias depois, um cartão personalizado que dá direito ao uso. É aí que me parece morar a grande diferença.

Paga-se, através do cartão, uma anuidade de 30 euros, que dá direito ao uso do sistema. Cada vez que o usuário retira uma bicicleta em um ponto, ele tem até meia hora para entregar em outro ponto sem custo adicional.

Caso não entregue nesse tempo, serão debitados do seu cartão alguns centavos por minuto (não sei exatamente o valor), e, se em duas horas a bicicleta não for devolvida, o usuário é bloqueado pelo sistema e se debita no cartão uma multa que deve ser o valor correspondente ao da bicicleta.

Os pontos de partida e entrega são interligados, basta o usuário aproximar o cartão personalizado e a máquina libera a bicicleta. Para devolução, basta colocar a bicicleta no suporte. Não existe atendimento.

Pode-se utilizar a qualquer hora do dia e da noite. Claro que no Brasil seria uma utopia: em relação à barbárie, estou de acordo contigo.

Obrigado pela atenção e grande abraço. (as.) Rafael Bazzan, estudioerbb@coac.cat”.

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