Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
29 de dezembro de 2009 | N° 16200
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Para não esquecer
Recebo de presente uma foto do Château d’Eau e com ela uma torrente de lembranças. Para quem não sabe o que esse nome francês significa – a tradução literal é Castelo d’Água – esclareço que designa o principal dos símbolos de Cachoeira.
Nova York tem o Empire State Building, Paris tem a Tour Eiffel e minha terra tem o Château d’Eau. Para descrevê-lo em poucas linhas, direi que é outra torre, no centro do que é uma das mais belas esplanadas urbanas do Rio Grande do Sul. Não sei se existe algo sequer parecido em qualquer outra cidade gaúcha, para ficar apenas dentro de nossos limites.
Em síntese, é um monumento que se ergue sobranceiro no âmago de três praças – uma delas a sua própria. É cercado por altas palmeiras em um primeiro círculo. Logo, mais à distância, pela Catedral, pela velha Prefeitura, que é de 1864, pelo antigo Fórum e pelas duas outras praças, uma delas contendo o busto em bronze de meu pai.
Há algo de majestoso em toda a construção, a começar pelo lago que a cerca, pelas quatro pontes que o atravessam, pelas estátuas das Musas dispostas ao seu redor e pela do deus Mercúrio, bem ao alto, erguendo seu tridente para o infinito.
Algumas de minhas mais inesquecíveis recordações da infância confluem para o Château d’Eau. Aqui estou eu com meses lançando um olhar sonhador quem sabe para os peixes, que em uma época eram sonolentas carpas, que em outra se travestiram de vermelho e de dourado. Aqui estou eu com pessoas que há séculos já me disseram adeus.
Aqui estou eu com meus filhos, talvez tentando explicar-lhes o que aquela torre representava para mim.
E há este instantâneo da adolescência, em que apareço junto a uma namorada. Há algo de levemente solene na cena. Minha amada senta-se na grama e a cerca seu vestido bordado. Há em seu rosto um traço de tênue apreensão. Será um rompimento? Será uma simples declaração de amor?
Não sei dizer. Sei tudo sobre estas praças e os caprichosos desenhos de seus gramados. Sei tudo sobre a Prefeitura, personagem de um conto meu. Sei tudo sobre a estátua de meu pai, sobre o Fórum, sobre o prédio da escola onde antes havia um teatro ancestral que desabou. Sei tudo sobre a Catedral, e os atentados que se cometeram contra a riqueza de seu interior.
Só nada sei sobre o instantâneo do gramado. Vai ver que a cena era apenas como um raio em céu sereno.
Uma linda terça-feira para vc. Esta que é a última de 2009. Aproveite
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