sábado, 12 de dezembro de 2009



12 de dezembro de 2009 | N° 16183
PAULO SANT’ANA


Uma lei tirânica

Uma das mais arrepiantes notícias dos últimos tempos vem de Uganda, África.

Lá, os homossexuais vão ser condenados à pena de morte se fizerem sexo.

Não se compreende como em pleno século 21 queira se penalizar uma imposição sexual da natureza, uma condição genética irrevogável, como se a prática sexual fosse um costume que pudesse ser renunciado pelos que são atingidos pelo homossexualismo.

O projeto de lei em curso em Uganda é tão rigoroso e perverso, que pretende punir com pena de prisão os familiares e amigos dos homossexuais que não os denunciarem às autoridades para que sejam executados.

Até mesmo os proprietários de imóveis poderão ser detidos se não informarem que alugam casas para homossexuais.

E qualquer pessoa que tenha autoridade política, religiosa, econômica ou social e que não revele casos de violação à lei pode ser condenada a três anos de prisão.

É a instituição descarada do denuncismo, da delação.

Há casos de gays que são espancados publicamente, presos e demitidos de seus empregos.

Ou seja, trata-se em Uganda de arrancar a cidadania dos homossexuais, não permitindo que eles tenham acesso aos direitos das pessoas comuns, inviabilizando totalmente sua existência.

A opinião mais moderada em Uganda é, por exemplo, a do comerciante John Muwanguzi: “Acho o projeto de lei bom e necessário, mas não que os gays devam ser mortos, basta que eles sejam recolhidos à prisão por um ano e advertidos de que nunca mais devam fazer isso. A família está em perigo em Uganda”.
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Move-se um ódio sem limites aos homossexuais, tratando de despersonalizá-los e torná-los seres inúteis e indesejados no meio social.

Eu ia escrever que isso se dá por Uganda ser um país pobre, inexpressivo, atrasado, onde proliferam as injustiças e as perseguições.

Mas me lembrei de que há pouco tempo o presidente George W. Bush aprovou, com apoio do Congresso dos EUA, uma lei que oficializava a tortura, dando licença ao Exército de interrogar prisioneiros por “meios não convencionais”, o que se verificou nas prisões de Abu Ghraib, no Iraque, e em Guantánamo.

Quero dizer que não há graus de civilização entre os países do mundo, o que há é a maldade e a prepotência vigorando em todos os quadrantes, seja em países democráticos, seja em tiranias.

Volta e meia, surgem notícias de retrocessos civilizatórios em várias partes do mundo, demonstrando que os excessos são intrínsecos a todos os que detêm o poder e o exercem para oprimir os governados.

Não há diferença ética entre condenar à morte homossexuais somente por sua condição sexual e permitir legalmente que se torturem presos de guerra.

Por sinal, o que se vê nos filmes norte-americanos não é verdadeiro: a polícia de lá tortura comumente os prisioneiros comuns para obter deles confissões sobre roubos, assassinatos e outros delitos.

A humanidade é que não presta mesmo. E vai acabar sendo castigada por si própria neste aquecimento global.

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