sexta-feira, 2 de janeiro de 2009



NOVOS TEMPOS

Tem gente dando festa para comemorar separação. Até aí, tudo bem. Afinal, acabar com certos casamentos pode ser uma libertação. Mas o interessante, nestes novos tempos dominados pelo efêmero - em que o máximo de um amor perfeito tem a duração de uma novela das 8, mais do que isso o público acha chato e a audiência cai -, é a reformulação do imaginário amoroso desde a infância.

Em aniversários de crianças, tornou-se costume, depois do 'Parabéns', cantar uma musiquinha que começa assim: 'Com quem será, com quem será que a fulana vai ficar?'. E termina de forma inusitada: 'Teve filhos e depois se separou'. Adeus ao final feliz? Mais ou menos. A separação passa a fazer parte do pacote e é desdramatizada ou naturalizada.

Tem gente que bate recordes de separação. Tomo o caso do Toninho como exemplo. Depois de seis casamentos e de seis filhos, um de cada mulher, ele já paga quase todo o seu salário de pensão, tudo descontado em folha. Toninho é refém da sua imensa capacidade procriativa.

Como ele continua disposto a casar de novo, as suas 'ex' criaram uma associação informal para defender os seus direitos e evitar que mais um filho venha a determinar a divisão de mais uma fatia num bolo que já não garante perfeitamente o sustento de todos os toninhozinhos.

A operação é simples: as 'ex' dão um jeito de infernizar a vida da nova candidata a mulher do Toninho até que ela desista. Trata-se de um trabalho de conscientização. Seria mais fácil se o Toninho aceitasse fazer uma vasectomia. Mas o taura é de Palomas e não aceita intervenções nos seus países baixos.

Sempre que toca o sinal de alarme, uma das 'ex' do Toninho, a que estiver solteira no momento, entra em cena para evitar um novo casamento. Vale tudo para impedir o Toninho de procriar. Até mesmo tentar voltar para ele.

Ou oferecer cursos de prevenção para a nova escolhida. Tudo isso só funciona porque o Toninho, apesar de fidedigno representante dos novos tempos, continua, no fundo, um tipo muito convencional: só faz filhos depois de casado.

Ou, em última instância, casa assim que uma namorada engravida. Isso complica as coisas para as 'ex', pois é preciso agir por antecipação.

Por ora, Toninho está sob controle. Já o Carlão, que é um pragmático, resiste à moda e não se separa. Fez as contas e concluiu que separação dá prejuízo. Além de terminar no mesmo lugar: outro casamento.

juremir@correiodopovo.com.br

Um comentário:

katia disse...

na era em que nos encontramos,tudo é descartável,até casamentos...
perderam-se muitos valores caro colega,uma pena!
abraços e o desejo de um ano melhor!