Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 31 de janeiro de 2009
31 de janeiro de 2009 | N° 15865
A CENA MÉDICA | MOACYR SCLIAR
Corrida: os sinais de alarma
Na história da Olimpíada, existe um nome famoso: o do etíope Abebe Bikila, o primeiro corredor a vencer duas maratonas consecutivas. Na primeira delas, em Roma (1960), Bikila correu descalço.
Cruzou a linha de chegada em duas horas e 15 minutos, com a sola dos pés sangrando – e transformou-se num símbolo eterno da determinação olímpica.
Tal como o lendário Fidípedes na batalha de Maratona, na qual os gregos enfrentaram os persas. Fidípedes correu de Atenas até Esparta para pedir ajuda aos espartanos. Depois da vitória, correu de Maratona até Atenas para anunciar a vitória, mas faleceu logo depois de fazê-lo.
Pergunta: o que sustentou estes dois homens em seu afã de cumprir a missão? No caso de Fidípedes não sabemos (na verdade, há controvérsias neste relato), mas Abebe Bikila foi enfático: ele queria demonstrar que seu país, ainda que pobre, poderia, como ele, superar obstáculos com estoicismo e coragem.
Fidípedes e Abebe Bikila não são exceções, sobretudo nas maratonas. Relatos semelhantes são frequentes. Correndo a maratona de Boston, em 2003, o jornalista Dennis Fischer começou a ter dor severa nas pernas e dores no estômago.
Como contou depois, em artigo de jornal, uma vozinha dizia-lhe que deveria desistir, mas Fischer, que corria em nome de uma associação de caridade, achou que aquilo seria “sinal de fraqueza”; engoliu analgésicos e anti-inflamatórios e foi em frente. Acabou hospitalizado, com insuficiência renal (provável efeito dos anti-inflamatórios) e levou muito tempo para se recuperar.
Endorfinas à parte (aqueles anestésicos fabricados pelo organismo), é comum que a pessoa, ao se exercitar, sinta um leve desconforto ou mesmo dor. A pergunta crucial é: como sabemos que está na hora de desistir? Um dos sinais de alerta é a súbita mudança do caráter da dor ou do desconforto. Aquela dorzinha surda pode ser rotina, mas se a dor torna-se penetrante, cortante, se parece uma “facada”, cuidado.
A localização é igualmente importante, e também a forma como a pessoa corre: se de repente um dos membros inferiores parece não suportar o peso do corpo, se você começa a mancar, algo de errado aconteceu. Dor no peito, sensação de aperto torácico? Atenção, isto sempre é sinal de alarma. E o estalo de um músculo ou ligamento rompido obriga a parar imediatamente.
Existe aí uma lição que não é só de atletismo, é uma lição de vida. A gente tem de saber quando desistir. Há atletas e esportistas que fazem de uma corrida, de uma partida (de futebol, ou de tênis, ou de basquete) uma questão de honra.
Pode ser uma questão de honra, mas é também uma questão de bom senso, uma questão de dialogar com o corpo, de ouvir a sua voz e de proceder de acordo. Aceitar as limitações é também uma atitude heroica. Nem só de medalhas é feita a vida. Em nosso pódio interior podemos ter também um momento de solitária glória.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário