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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
26 de janeiro de 2009
N° 15860 - PAULO SANT’ANA
Um cenário horripilante
A crise começa a mostrar a sua face mais assustadora: o desemprego.
“Tudo, menos o desemprego” podia ser um slogan animador para enfrentar a crise, mas de todos os cantos do Brasil surgem notícias de que a desativação da atividade econômica ceifa implacavelmente os postos de trabalho.
Inicialmente, o alvo preferencial das demissões se localiza nos contratos temporários e nos serviços terceirizados, fica mais fácil para as empresas demitir nesses setores de frágil relação trabalhista.
Mas o governo federal começa a se assustar com o espectro da diminuição de jornada de trabalho e redução de salário, uma proposta que é tanto estimulada pelas empresas quanto pelos trabalhadores.
Há quedas nas vendas das indústrias calçadistas, como também nos setores de mineração e metalurgia.
Há uma violenta queda nas exportações, 20% no volume e 30% no montante em dinheiro, apesar da enorme valorização do dólar.
Não há um só setor da economia, com exceção das montadoras, que tiveram o incentivo da redução de impostos na ponta da aquisição de veículos, que não esteja demonstrando uma inédita e violenta queda na produção em 2009, na relação com os anos anteriores.
Mesmo o setor automobilístico decaiu, em razão principalmente das dificuldades para a obtenção de crédito.
O cenário é de devastação.
Quando se anunciou a crise no último semestre de 2008, ninguém conhecia o seu alcance.
Nos dois meses seguintes, esta coluna e todos encararam a crise com zombaria: perguntávamos “onde está a crise?”, sem percebermos na vida cotidiana os seus efeitos.
A crise já estava se desenvolvendo em velocidade rápida, faltavam apenas os dados estatísticos, que estavam sendo compilados e agora começaram a surgir desafiadores.
Aos juros altos, à falta de crédito, à queda na demanda, juntaram-se agora dois dados aterrorizantes: o desemprego e a inadimplência.
Tanto das pessoas físicas quanto das jurídicas, a inadimplência cresce com índices muito elevados.
Isso que a inadimplência das empresas é registrada para efeitos estatísticos quando se completam 90 dias das dívidas não quitadas.
Quando começarem a se completar com mais intensidade, depois desse início de crise, 90 dias das dívidas não saldadas, imaginem a que nível irá a inadimplência!
Não chegou o Carnaval e já os estrondos da crise estão batendo em nossas bigornas e martelos.
Ao findar o veraneio, todos nós estaremos ingressando num cenário de horror, uma recessão jamais vista no país, ao que se calcula.
Não era marola, era tsunami.
Dirigi-me ao Estádio Olímpico paciente e obediente no sábado. Queria ver o esboço do time de Celso Roth com vistas à Libertadores, que está diante das nossas portas.
Gostei muito do Ruy, lateral direito, fiquei impressionado com o progresso de Jonas.
Mas o que mais eu queria ver foi o que mais notei, embora o detalhe pudesse não ter sido observado pela maioria das pessoas: Alex Mineiro.
Eu não o notava muito no Palmeiras, por isso fui tirar a dúvida: Alex Mineiro é notável no passe, no lançamento, de uma inteligência invulgar para colocar seus companheiros de ataque em excelente situação.
Vendo Alex Mineiro jogar contra o Esportivo, lembrou-me ele de André Catimba.
Não quero ser apressado em entusiasmar a torcida gremista, mas me parece que estamos diante de uma colossal contratação.
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