sexta-feira, 30 de janeiro de 2009



Não leia! Faça como Lula

Nosso atilado presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, o Lula, disse que não tem o hábito de ler jornais e revistas e que, quando o faz, acaba sofrendo dos males da azia.

Não chegou a dizer se é o conteúdo, a forma ou a quantidade da informação que lhe provoca a indesejável sensação de ardência no esôfago, causada por excesso de acidez do estômago. Lula certamente tem pessoas que leem por ele e lhe passam as boas notícias, que, no fundo, são as únicas que interessam. Mas, de repente, ele está certo.

Caetano Veloso, na letra de Alegria, Alegria, já dizia que o sol nas bancas de revista o enchia de alegria e preguiça e perguntava quem lia tanta notícia. Pois é, presidente, para quê ler jornais, revistas ou acessar a internet? Para saber das mesmas desgraças, das mesmas falcatruas, dos mesmos acordos políticos e das mesmas velhas novidades?

Bom, tudo bem, existem as notícias boas, as boas ações, os nascimentos, as festas de 15 anos, os casamentos, certos descasamentos, certas mulheres bonitas e, tudo bem, as relaxantes notícias de desafetos que morreram.

Como diz o outro, a gente deve sempre ler o obituário, para poder ver o nome de algum conhecido. De mais a mais, excesso de palavras, sons, imagens, tititis e bababás comprovadamente não fazem bem para a saúde física e mental. Acho que vou entrar num período sabático em relação à mídia, presidente.

Vou dar um tempo nos repetitivos periódicos, nas previsíveis revistas semanais e nos frios meios eletrônicos, de velocidade leporina exasperante.

Vou ficar lendo e ouvindo as notícias do sol, da lua, da chuva, do orvalho, do vento, dos rios, das montanhas, da Serra e do mar, dos cachorros, pássaros, gatos e outros bichos. Ah, vou saber das notícias dos loucos, dos mendigos e demais "moradores de rua".

Eles sabem das coisas, de muitas coisas. São loucos, mas não são burros nem desinformados. De vez em quando é bom ouvir a voz nem tão rouca, mas bem verdadeira, das ruas, becos e calçadas.

Antigamente se dizia que jornalistas não liam jornais, especialmente aqueles para os quais escreviam. Hoje, jornalistas leem, até para se alimentar de assunto e inspiração para escrever. Jornais se alimentam de jornais, tipo midiafagia. Mas é isso, presidente.

Tem mesmo coisas mais interessantes e gostosas na vida do que ler jornais e revistas. Ler o próprio e maravilhoso umbigo é uma delas. Não é?

Sempre foi.

Jaime Cimenti - Ótima sexta-feira e um excelente dim de semana

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