segunda-feira, 26 de janeiro de 2009



26 de janeiro de 2009
N° 15860 - L.F. VERISSIMO


E a Yulia, hein?

Todo o mundo de olho na posse do Baraca e ninguém prestou atenção na foto que alguns jornais publicaram, sem nenhum destaque, do Putin e da primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Tymoshenko, saindo de uma reunião em que tinham tratado de diferenças entre os dois países e, como se via pelo sorriso da ucraniana, chegado a um acordo. E a Yulia é um mulherão!

Se eu quisesse ser maldoso, diria que é a mais bonita primeira-ministra em atividade hoje no mundo depois da Carla Bruni.

Como eu sabia nada sobre a estonteante Yulia, mergulhei no Google. Descobri que ela tem 49 anos, é casada e, além de ser a primeira primeira-ministra mulher do país, lançou um penteado – uma grossa trança atravessada no topo da cabeça, se entendi bem – que fez moda na Ucrânia e é a sua marca registrada.

Ela já foi a terceira colocada numa lista das mulheres mais poderosas do mundo, da revista Forbes, atrás apenas da Condoleezza Rica e da Wu Yi, vice-primeira-ministra da China, e basta ver seus quadris na foto para entender a Forbes. Dizem que o Putin chegou na reunião pronto para negar todas as reivindicações da Yulia, mas não resistiu ao primeiro farfalhar das suas pestanas. Ou talvez ela tenha soltado a trança.

O Google é uma grande máquina de mexericar. Ainda se diz “mexericar”? Sabe tudo sobre todos, e nos leva por caminhos surpreendentes. Dia desses, eu estava pesquisando o pintor De Chirico, cliquei na sua obra e vi que ele tinha pintado um retrato da Clarice Lispector, cliquei na Clarice e dei numa biografia que citava a amizade dela com o meu pai, cliquei no meu pai e dei na biografia dele – e em mim! Só três cliques me separavam do De Chirico.

Não cliquei no meu nome porque tive a incômoda impressão de que eu apareceria na tela, clicando no Google. Não há mais o que não se consiga saber, como parece não haver mais acontecimento ou desastre que não se acabe vendo.

Eu tinha estranhado a demora em aparecer uma imagem daquele avião aterrissando, ou arriossando, no Hudson, em Nova York. Tinham gravado o avião fazendo a volta antes de começar a descer mas, aparentemente, nem uma câmera de circuito fechado ou um celular distraído tinha captado o choque na água.

Mas finalmente apareceu. Alguém, lá de longe, por acaso, filmando o rio por entre os edifícios, tinha registrado a queda – que provavelmente já está no Google. De uns tempos para cá, não falha: sempre tem alguém

Nenhum comentário: