domingo, 25 de janeiro de 2009


EMÍLIO ODEBRECHT

Valorizemos as soluções

O ANO DE 2009 começou e quero crer que não será tão ruim como dizem. Dificuldades teremos, mas serão tantas e tão terríveis como anunciam as manchetes?

O governo está tentando fazer a sua parte e deu um bom exemplo ao reduzir impostos sobre a produção industrial, no caso, o IPI dos automóveis.

Liberou recursos para estimular as exportações; adicionou mais dinheiro ao crédito rural, e a Caixa Econômica Federal acaba de disponibilizar R$ 3 bilhões para financiamento habitacional. Mas o consumo continua caindo, as demissões prosseguem e muitas fábricas estão parando.

Ocorre que, desde fins de setembro do ano passado, o brasileiro se vê bombardeado, de forma incessante, por más notícias sobre a economia. A imprensa tem fustigado os cidadãos com uma visão amarga do estado de coisas aqui e no exterior.

Sei avaliar o tamanho do problema, mas não deixa de ser um caso clássico de profecia que se autocumpre: assustadas com rumores de quebradeira, desemprego e outros males, as pessoas param de investir e de comprar, preparando-se para o pior.

Sem crescer e sem vender, as empresas -aí sim- correm o risco de falir. Como reagem? Demitem, para cortar custos, o que por sua vez deprime ainda mais o consumo. O círculo da recessão se instala.

Por culpa do noticiário? É óbvio que não. Mas o mundo não vai acabar. A situação é grave? Sem dúvida. Mas estamos preparados para vencer mais este momento difícil.

Por outro lado, se o país continua funcionando e as empresas produzindo -embora menos- é porque alguém está conseguindo transformar os problemas em oportunidades -reinventando seus negócios, investindo em reengenharia, racionalizando processos, reduzindo o desperdício, enfim, usando a criatividade para sobreviver, agora, e crescer em seguida.

Isso significa que há entre nós empresários, educadores, governantes, trabalhadores com ideias inovadoras para compartilhar. Mas não os vemos.

Não estaria a imprensa brasileira perdendo a chance de revelar não apenas os problemas, mas também as soluções que fazem diferença em momentos como este? Porque elas existem. É preciso valorizá-las. Não se está aqui pedindo à imprensa para que deixe de cumprir seu papel de informar.

A saúde de nossa democracia depende da liberdade que meios de comunicação precisam ter para reportar os fatos, sob todos os aspectos. O que se espera é que também pelo relato dos bons exemplos motivem, estimulem, induzam quem acredita no Brasil a buscar os caminhos que levem ao futuro que desejamos.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna aos domingos.

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