quarta-feira, 3 de setembro de 2008



03 de setembro de 2008
N° 15715 - PAULO SANT’ANA


Um prodígio no céu

Contei ontem ao meu psicanalista uma história real vivida por mim na semana: um amigo meu ouviu um relato de uma pessoa e se emocionou com ele.

Contaram a meu amigo que uma empregada doméstica que vive em uma casinha de alvenaria em Viamão, com três filhos e uma neta, estava para ser despejada. Pagava de aluguel pela casa R$ 150.

Como ela fez puxado na casa, também de alvenaria, a dona da casa decidiu que o aluguel iria passar para R$ 250.

Não tendo como pagar o novo aluguel, iria dentro de poucos meses ser despejada, a menos que conseguisse a importância de R$ 25 mil, que a dona da casa exigia pela venda da residência.

Ora, quem não tem como pagar R$ 250 de aluguel como haveria de conseguir R$ 25 mil para comprar a casa?

Continuaram contando pro meu amigo do desespero que tomou conta da empregada doméstica, de seus três filhos e de sua neta, assim como dos parentes que moravam distantes, com a possibilidade do despejo, literalmente teriam de morar na rua.

Meu amigo ficou cismando, tomou-se de compaixão pela família desamparada e decidiu na hora: “Vou comprar esta casa e dar para esta família”.

O contentamento da família chegou às raias da euforia. Atribuíram a um milagre a decisão do meu amigo. É que eles tinham todos rezado para que Deus por alguma forma lhes resolvesse o dramático problema.

Chegaram ao extremo de declarar que iam todos à casa de meu amigo para beijar-lhe os pés em agradecimento.

Então, eu discutia ontem com o meu psicanalista sobre uma questão célebre. Quem mais se torna feliz na caridade: quem recebe a ajuda, a esmola, ou quem dá a ajuda, quem pratica a caridade?

Não tive dúvida em afirmar que a caridade consiste em maior alegria de quem dá do que de quem recebe.

E mais eu concluí, depois de examinar este caso da doação da casa em Viamão: tanto maiores serão a alegria e a realização de quem pratica a caridade, uma das grandes virtudes exaltadas na Bíblia, quanto maior for o contentamento de quem recebe a ajuda.

A respeito disso, o grande Joaquim Nabuco dizia: “À luta pela vida, que é a lei da natureza, a religião opõe a caridade, que é a luta pela vida alheia”.

Era de ver-se a alegria esfuziante de que foi tomado meu amigo, um homem que não é rico e pertence a uma classe média não alta, com o contentamento extraordinário de que ficou tomada a família que vai ganhar a sua casa.

Esse dinheiro vai fazer falta ao meu amigo. Mas nada lhe faria mais falta irreparável do que não ter acudido aquelas pessoas desesperadamente necessitadas.

A caridade simplesmente reside no prazer de dar e de servir aos outros.

Era quase tardinha ontem e me aconteceu o que eu chamaria de um milagre.

Estávamos eu e meu colega Moisés Mendes olhando para o céu na direção da ponte do Guaíba, quando fiquei estatelado: uma formação de nuvens cirros desenhava nitidamente uma palavra: Jesus.

As nuvens podem formar qualquer desenho que se imagine. Mas era muito definido aquele desenho das cinco letras cravadas no céu: Jesus.

Mostrei ao Moisés e meu amigo ficou aturdido, exclamando: “É impressionante!”.

Logo a gente fica pensando que pode ser um aviso, sei lá, um prenúncio, algo que só pode ser muito bom, porque nada há que venha de Jesus que não seja bom.

Quem terá mexido na natureza para nos mostrar aquele cartaz divino?

Quem? Seria o próprio Deus? Mas Deus não iria assim nos escolher privilegiada e discriminatoriamente para sermos alvos daquele estupendo prodígio! Ainda bem que eu tenho uma testemunha.

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