terça-feira, 2 de setembro de 2008



02 de setembro de 2008
N° 15714 - PAULO SANT’ANA


Viamão sob terror

Sete jovens estavam conversando na Rua Tiradentes, Bairro Minuano, em Viamão, às 23h de domingo passado, quando estacionou perto deles um veículo com dois homens.

Intitulando-se policiais, os dois homens renderam os sete jovens, obrigaram-nos a deitar-se no chão de rosto para baixo e os executaram a tiros.

Não eram policiais os assassinos.

Três dos jovens morreram na hora, com tiros na cabeça e nas costas, os outros quatro se salvaram mas restaram em estado grave.

Uma execução brutal. Segundo a polícia, foi um ajuste de contas por questão banal, os mortos eram desafetos dos assassinos.

Com essas mortes, em menos de 12 horas, no domingo passado, oito pessoas foram assassinadas em Viamão, município que ameaça em breve liderar o número de mortes violentas na Região Metropolitana, rivalizando com Porto Alegre.

Mas, afinal, o que está acontecendo em Viamão? No Rio Grande do Sul, nos últimos oito meses, foram assassinadas mais de mil pessoas, ou seja, morre um gaúcho assassinado a cada oito meses por 10 mil habitantes, o que é uma cifra alarmante.

Pelas minhas contas, Viamão ameaça uma cifra ainda mais aterrorizante: deverá morrer um viamonense assassinado por cada mil habitantes em 2008.

Ou seja, em Viamão vão morrer 10 vezes mais habitantes assassinados do que no Rio Grande do Sul.

Um holocausto.

Na semana passada, registrei aqui nesta coluna que dois viamonenses que foram assaltados me telefonaram. E ambos, quando foram queixar-se à polícia, obtiveram a informação de que não há viaturas policiais no município. É um número mínimo de carros policiais que atendem 250 mil habitantes.

Por falta absoluta de recursos humanos e materiais, a população de Viamão está abandonada à própria sorte em matéria de segurança pública.

Em matéria de sofisticação criminógena, Viamão e outras cidades gaúchas já se equiparam a Rio de Janeiro e São Paulo.

As chacinas, que antes eram privativas das favelas cariocas e dos cantões paulistas, passam já a freqüentar com notável assiduidade o noticiário policial da Grande Porto Alegre.

Esta chacina do bairro Minuano de Viamão, domingo à noite, quando sete jovens foram deitados no chão e fuzilados, demonstra claramente que os criminosos de Viamão estão agindo livremente e são estimulados aos crimes pela quase total impunidade.

As forças policiais, minguadas escandalosamente em efetivo e em recursos materiais, estão destinadas a somente assistir ao espetáculo criminal com impotência lamentável.

Esses dias, o comandante da Brigada Militar, coronel Mendes, ordenou que fosse montado um acampamento de PMs na Vila Bom Jesus, em Porto Alegre, onde três gangues de assaltantes se abrigavam para dali cometer ataques em várias partes da Capital, causando também pavor e vítimas na própria vila.

É tal a precariedade de recursos da polícia que as delegacias e postos policiais já não dão mais conta no combate ao crime.

Foi necessário um acampamento de policiais militares na Vila Bom Jesus, aparato visivelmente provisório, isto é, em seguida se desmobiliza e segue no local temerário a situação de crise no atendimento policial que vigorava antes.

Isso não pode continuar, o governo necessita urgentemente dotar a Brigada Militar de novos batalhões e a Polícia Civil de no mínimo 2 mil servidores, novas delegacias e mais de mil viaturas zero-quilômetro. Urgente.

E por enquanto se roga ao dinamismo do coronel Mendes que ele instale pelo menos três acampamentos brigadianos nas vilas de Viamão. Soou o alarma de emergência total em Viamão.

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