Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Juremir Machado da Silva
O NOVO MILAGRE ECONÔMICO
Eu erro muito. É um dos meus grandes méritos. Mas sou o primeiro a reconhecer. Dou a mão à palmatória com facilidade. É algo que sempre me permite um auto-elogio. Errei, por exemplo, em relação ao governo federal.
Está havendo uma brutal transferência de renda desde que Luiz Inácio chegou ao poder. Na verdade, ela já vinha acontecendo. Mas, a bem da verdade, intensificou-se com a ascensão dos petistas ao Planalto. Não é simples reflexo da conjuntura internacional. É uma política interna pensada, deliberada e aplicada com êxito.
Na pior das hipóteses, houve continuidade. Mas não quero tirar o mérito do governo atual falando em prosseguimento às ações de FHC. Muitos analistas sérios estão notando e comentando esse fenômeno. Um deles é o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo.
Nem estou me referindo ao Bolsa-Família, que é, sem dúvida, uma forma de redistribuição de renda. No caso, de cima para baixo.
Há uma diferença enorme entre redistribuição (vertical e quase sempre assistencialista) e transferência de renda (horizontal e sempre sem platéia). A extraordinária transferência de renda do governo petista está levando cada vez mais dinheiro dos contribuintes para os mais ricos da Nação.
É um modelo original e típico do Terceiro Mundo pelo qual os ricos ficam mais ricos e ainda reclamam que o governo está dando migalhas aos pobres. Alto lá, não é da festa dos banqueiros que estou falando. Isso já não chama a atenção das pessoas. É lugar-comum. Clichê.
A transferência de renda que conta é a do pagamento de juros aos detentores de papéis da dívida pública brasileira. O economista João Sicsú, citado por Rossi, mostrou, em material para a revista Rumos do Desenvolvimento, que o Brasil perdeu o rumo do desenvolvimento.
No primeiro mandato de Luiz Inácio nos céus do Planalto, os juros abocanharam R$ 587,9 bilhões, ou seja, 25% do PIB do Brasil em 2006. Outros campos menos relevantes, como a educação e a saúde, ficaram respectivamente com R$ 62,3 bilhões e R$ 136,3 bilhões.
Trocando em miúdos, segundo os especialistas, '80% do que é pago em juros vai para o bolso de apenas 20 mil famílias'. Por que isso não é veiculado nas matérias pagas com os grandes feitos do governo? Por que não é cantado em prosa e verso? Será que o governo quer esconder esses números?
O governo atual gaba-se de ser de esquerda. Chama a atenção a sua falta absoluta de diferenças e de atritos com o FMI, com os banqueiros e com os juros altos embolsados pelos credores da dívida pública.
Será que não dá para fazer alguma coisa? Tudo isso deve ser parte da herança maldita que não pode ser tocada sob pena de minar a base de apoio governamental. A verdade é que, em se tratando de transferência de renda, nunca os mais ricos estiveram tão satisfeitos.
O Brasil para eles está vivendo um novo milagre econômico. O governo encontrou a receita para continuar no poder: dar pouco aos muitos pobres (é melhor do que nada e mais do que era dado) e muito aos poucos ricos (sai mais em conta).
Só a classe média encontra motivos para reclamar. Mesmo assim, deveria estar contente. Com o dólar baixo, o caminho do aeroporto está mais barato. Finalmente consigo entender o que é a chamada terceira via: o governo de poucos para poucos com o aval de muitos.
juremir@correiodopovo.com.br
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário