12
de abril de 2013 | N° 17400
DAVID
COIMBRA
Não confie em ninguém com mais
de 30 anos
Os
jovens de hoje são mais velhos. Lembro do Danny le Rouge, o alemão sorridente e
debochado líder do maio de 68 na França. Naquela época, estava com seus 22 ou
23 anos e já tinha currículo, e já era conhecido, e já era considerado maduro
para arroubos estudantis, é proibido proibir, toda aquela coisa.
Desse
tempo vem o lema que Marcos Valle incrustou numa bela composição: “Não confie
em ninguém com mais de 30 anos”.
As
pessoas com mais de 30 anos seriam velhas e estariam do outro lado da
trincheira. Do lado dos que acham ser necessário proibir.
De
lá para cá, a fronteira que separa a velhice da juventude se esgarçou. Onde
estão as trincheiras? Com que idade alguém deixa de ser jovem? Com que idade um
guri se torna um homem, uma menina desabrocha em mulher?
Não
sei.
Agora
há pouco, ao assistir ao nosso pequeno maio de 68, o maio de 68
porto-alegrense, o maio de 68 do século 21, pois agora há pouco, ao assistir a
ele, vi que ali estavam muitos jovens com mais de 30 anos.
Alvissareiro.
Significa que a adolescência tardia não se resume a morar com os pais aos 40
anos de idade ou a fazer urru na balada do Beco, mas também a tomar atitudes,
sair do mundo virtual da internet e, o mais importante, fazer alguma coisa.
Fazer
alguma coisa, essa é a diferença.
Havia
uma causa real e justa, havia algo por que se mobilizar, e as pessoas se
mobilizaram. Pessoas de diversas idades, muitas que já administram suas
responsabilidades e têm o que perder. Isso pode representar uma mudança para
Porto Alegre. Pode representar uma novidade neste tempo em que tudo é tão
igual.
Quem
sabe não está nessa luta prosaica o germinal de um movimento mais nobre, mais
inteligente e, mesmo sendo um movimento de jovens, saudavelmente mais maduro?
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