06 de abril de 2013 | N° 17394
EDITORIAIS ZH
O impasse
das passagens
A decisão judicial que determinou o retorno do preço das
passagens de ônibus de Porto Alegre ao valor cobrado antes do reajuste definido
pela prefeitura tem o mérito de reduzir a tensão dos últimos dias. Mesmo que em
caráter liminar, a determinação pode propiciar o ambiente para um debate mais
transparente em torno da questão.
É nesse contexto de trégua que deve ser percebida a reação
do prefeito José Fortunati de não recorrer de imediato contra o acolhimento da
ação cautelar pelo Judiciário.
Os protagonistas do embate que se criou em torno do
reajuste têm assim a oportunidade para retomar a abordagem de um tema que
interessa a todos, e não só a quem rotineira ou eventualmente se utiliza do
transporte coletivo.
A decisão sobre o aumento deve se concentrar nos aspectos técnicos,
ou os pontos de vista continuarão sendo expostos em confrontos públicos, às
vezes emocionais, que em nada contribuem para o esclarecimento dos critérios
envolvidos na fixação da tarifa.
O que a população deseja é saber com clareza como
Executivo, Legislativo, empresas, promotoria do Tribunal de Contas e outros
atores do debate podem convergir para o fim dos embates. É óbvio que as discrepâncias
de custos, apresentadas pelas concessionárias, de um lado, e pelo MP do TCE, de
outro, confundem os usuários.
As partes interessadas podem, como já ocorreu em outras
ocasiões, socorrer-se da mediação de consultorias especializadas, sem que isso
signifique demérito nenhum para os profissionais envolvidos até agora no
levantamento de custos.
O prefeito já anunciou, ao mesmo tempo, que o município
deverá acelerar o processo de reavaliação das concessões, para que se aperfeiçoe
a competição no setor. O bom senso precisa orientar as tentativas de
entendimento, sem fórmulas mágicas e sem os excessos dos que, como minoria,
vinham tumultuando as manifestações públicas de contrariedade ao reajuste agora
suspenso pela Justiça.
O preço da passagem deve resultar do confronto de
argumentos que se sobreponham às tentativas de desvirtuar a busca de soluções
com demagogias e proselitismos.
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