02
de abril de 2013 | N° 17390
DEBATE
TRANSPORTE PÚBLICO - Roberto Rachewsky*
Nada pode ser mais
injusto
A
prefeitura de Porto Alegre foi alvo de grupos político-partidários que recrutam
baderneiros travestidos de estudantes para pressionar o governo se utilizando
de todas as formas ilegítimas de manifestação.
O
poder público e os fora da lei reúnem-se em programas de rádio e televisão para
fazerem acusações mútuas.
Podemos
ver que os baderneiros, que deveriam ser responsabilizados criminal e
pecuniariamente pelos danos que causaram, não têm razão nas suas demandas, seja
no campo jurídico, seja no campo econômico, ao reclamarem do preço das
passagens de ônibus, desconsiderando as causas dos aumentos e evadindo-se do
fato de que um terço dessas passagens são fornecidas gratuitamente, onerando,
assim, o custo total do serviço pago pelos dois terços de pobres coitados.
Do
outro lado, o poder público se defende com justificativas legais e econômicas
para explicar que a prefeitura é pródiga em tirar arbitrariamente do bolso de
uns para, demagogicamente, dar a outros sob variadas motivações como a elevada
idade do passageiro, a sua ocupação ou condição física. Para um político,
sempre haverá alguém a ser satisfeito em troca de votos.
O
que ninguém faz é discutir sobre as reais causas de termos um serviço de
transporte coletivo público tão ineficiente, caro e, como vemos, polêmico ao
ponto de parar uma cidade pelo evento de uma batalha campal entre forças
bárbaras e as do status quo.
No
debate, apegam-se a paliativos que pouco amenizam os sintomas do problema e
muito contribuem para agravá-lo.
Ao
restringir o acesso ao mercado de potenciais ofertantes, privilegia alguns com
injustificada reserva de mercado, gerando incompetência, elevação dos preços,
queda da qualidade dos serviços e muda o foco do empresário, que deveria ser o
consumidor, para o burocrata que lhe outorga os benefícios. Sempre que no lugar
do consumidor estiver um burocrata a conceder privilégios àqueles que
participam num determinado mercado, estes estarão mais sujeitos à corrupção do
que à insatisfação de seus usuários.
Não
é à toa que permissões para a exploração dos serviços de transporte público
valem tanto.
Ao
estabelecer regramentos baseados nos conceitos burocráticos do poder público e
não na vontade dos consumidores, que somente num livre-mercado poderia ser
percebida e satisfeita com justeza, o governo desagrada a quase todos, pois não
é onisciente nem onipotente ao ponto de saber sobre todos os desejos e vontades
da população, nem as capacidades e vontades dos fornecedores daquele serviço
controlado.
Assim,
linhas a serem percorridas, cores dos veículos, tamanho dos carros, valor das
tarifas, tipo de combustível etc., hoje definidos em gabinete, desprezam os
interesses particulares dos indivíduos que se utilizam desses serviços ou os
proveem.
A
intervenção do Estado, que perverte a lei, colocando-a a serviço de demagogos e
populistas, cria uma sociedade de usurpadores dos direitos individuais, onde
tirar à força de uns para dar a outros, onde tirar a liberdade de iniciativa de
uns para privilegiar outros, onde uns definem impositivamente o que outros, que
inclusive pagam por isso, deverão usufruir, é o Estado totalitário aplicado à
vida dos indivíduos no exercício de suas vontades e necessidades no dia a dia.
Quando
o governo resolve agradar a todos de forma centralizada, ganha mais quem grita
mais alto. É o que baderneiros sabem fazer mais do que o cidadão comum sem
tempo de gritar, pois lhe é exigido trabalhar para seu sustento, para sustentar
os que legislam e os que são beneficiados, como parasitas, pelas leis que são
estabelecidas.
Tarifas
caras e serviços ruins só têm um antídoto viável, a livre concorrência.
A
justiça somente será encontrada quando deixarmos de botar a mão no bolso alheio
e o alheio deixar de botar a mão no nosso. Será o fim da hipocrisia e o início
do fim da barbárie.
*CONSELHEIRO
DO INSTITUTO DE ESTUDOS EMPRESARIAIS E DO INSTITUTO LIBERDADE
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