22 de outubro de 2016 | N° 18667
PIANGERS
O bebê que nunca para de chorar
Então eu tinha chegado do trabalho, e a Ana me disse que a bebê não tinha parado de chorar durante o dia todo. Pai bobo, você se sente meio super-homem, pensa: Deixa que eu faço ela dormir rapidinho. Pega a bebê no colo, balança a criança como se a mãe não tivesse feito isso antes e, três horas depois, reconhece: Realmente, ela não para de chorar. A partir daí, serão os dois pais se alternando, colo pra um, colo pro outro, ambos tentando as mais variadas técnicas para fazer um bebê parar de chorar, sem sucesso.
O choro de uma criança, eu li uma vez, é um som desenvolvido para criar nos pais um sentimento de terror e pânico, em uma época em que uma criança indefesa no meio da floresta precisava sempre de atenção. Sempre me questiono se, já que agora moramos em apartamentos aconchegantes, não seria o caso do choro do bebê evoluir para um pedido calmo e educado, tipo um “Papai, mamãe, alguém poderia me ajudar?”. Um dia chegaremos lá, se Darwin quiser.
“Já sei! O carro! O bebê sempre dorme no carro!” Então é meia-noite e você está com um bebê chorando no banco de trás, passeando pela cidade. O bebê continua chorando, você já tentou trajetos retilíneos e cheios de curva, subidas e descidas e colocar uma música alta no som do carro, mas tudo isto só piorou o choro. De madrugada, quando volta pra casa com o bebê ainda chorando, sua mulher abre a porta e pergunta: “Não funcionou?”.
Troca de fralda pela milésima vez, dá um banho morno pela milésima vez, oferece leite e chupeta pela milésima vez. Está amanhecendo e sua única esperança é que às 8h da manhã abre a creche, você vai poder passar esse pepino pra outra pessoa. Você toma banho com o bebê chorando, vai até o carro com o bebê chorando, dirige até a creche com o bebê chorando, tira o bebê-conforto do banco de trás e leva-o até a professora da creche, que olha para o seu bebê e comenta: “Que anjinho!”.
E, neste momento, você percebe que seu filho acabou de dormir.
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