sexta-feira, 7 de outubro de 2016



07 de outubro de 2016 | N° 18654
ECONOMIA

“É fundamental aumentar a competitividade”

Há cinco meses no comando do Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Pereira tem entre seus principais objetivos reduzir custos e combater o desperdício no setor produtivo. Hoje, na Capital, os gaúchos conhecerão a aposta do ministro para estimular as empresas de pequeno e médio porte, gerando mais postos de trabalho. Às 11h, na Fiergs, Pereira apresenta o programa Brasil Mais Produtivo, que vai beneficiar 330 empresas no Estado dos setores moveleiro, confecções e calçados, alimentos e bebidas e metalmecânico, divididos na Serra, na Região Metropolitana, no Vale do Sinos, no Sul e no Noroeste. O Rio Grande do Sul é o 10º Estado a receber a iniciativa federal.

Por meio de consultorias e de capacitação técnica nas indústrias, Pereira acredita que pode aumentar em, pelo menos, 20% a produtividade das empresas beneficiadas:

– Muitas vezes, o empresário não tem acesso a uma consultoria com o nível de detalhamento que o Brasil Mais Produtivo oferece. Uma das grandes vantagens deste programa é oferecer atendimento individualizado.

Confira a entrevista a ZH.

De que maneira o Brasil Mais Produtivo pode melhorar a atividade das empresas?

Profissionalizando a produção. Os empresários recebem consultoria especializada. Por cerca de três meses, os processos produtivos são revisitados e os resultados impressionam. Temos casos, em outros Estados, de 80% de ganho na produtividade. O método é simples, barato e eficiente porque tem como foco a redução de desperdícios. O programa gera renda de imediato, mas, para nós, o resultado é muito maior: a manutenção e a geração de emprego.

O programa tem investimento nacional de R$ 50 milhões, diluído entre 3 mil empresas. Como terá real impacto na produtividade?

É um programa de baixo custo e alto impacto. A consultoria individual destinada às empresas, realizada por meio de parcerias, aplica a ferramenta da manufatura enxuta. Cada intervenção tem custo aproximado de R$ 18 mil, sendo R$ 15 mil financiados pelo programa e R$ 3 mil de contrapartida de cada empresa, valor que pode ser financiado pelo BNDES.

Por que a escolha de priorizar, no Rio Grande do Suç, investimentos regionalizados?

Por razões técnicas. A seleção foi feita a partir da análise das empresas existentes e aglomerações por cadeia produtiva, levando em conta o potencial de exportação, relevância econômica, alta empregabilidade, presença de pequenas e médias empresas, além da otimização das políticas públicas existentes.

No Brasil, setores criticam a política de subsídio, mas todos pedem auxílio ao governo. Como lidar com esse paradoxo?

Oferecendo condições aos empresários para voltarem a crescer, o que não se limita a benefícios econômicos. Há ações que cabem ao poder público, como a desburocratização de processos e a revisão de normas e obrigações. Tenho dito aos representantes dos diversos setores da economia que o MDIC é a casa do setor produtivo. Como tal, concentra todas as demandas da indústria e do comércio. Na medida do possível, tenho levado os pedidos ao governo.

O ministério trabalha para desburocratizar as importações de equipamentos?

Está em curso a implantação do Portal Único de Comércio Exterior, cuja principal função é facilitar as operações de exportação e importação. O portal agrega os 22 órgãos do governo federal, que exercem algum tipo de anuência no comércio exterior. O operador poderá acessar os benefícios a partir de dezembro, quando as exportações realizadas por modal aéreo estarão disponíveis para uso. A partir do ano que vem, entrarão em operação as importações. O portal, quando totalmente implementado, em 2017, vai garantir 40% de redução dos prazos médios tanto das exportações, que passam de 13 dias para oito dias, quanto das importações, que passam de 17 dias para 10 dias.

O senhor alertou o presidente Michel Temer sobre a urgência das reformas, destacando que, se perceber que não vão sair do papel, deixará o governo. Qual o limite da sua paciência?

O presidente demonstrou compromisso de que este governo adotará medidas necessárias para colocar o país nos trilhos. Por isso, o momento é de se falar em trabalho conjunto para fazer o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e renda, que são os melhores programas sociais que podemos promover.

O setor produtivo reclama da falta de financiamento de longo prazo. Há solução?

O MDIC trabalha na elaboração de um estudo a ser enviado ao Banco do Brasil e ao BNDES, apontando a necessidade de novas linhas de crédito ao exportador. Entendemos que o acesso a boas linhas de financiamento, não somente as de longo prazo, é fundamental para aumentar a competitividade das exportações nacionais. Importante ressaltar, ainda, que as conversas não foram iniciadas.

carolina.bahia@gruporbs.com.br guilherme.mazui@gruporbs.com.br

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