Jaime Cimenti
Cíntia, a madrinha
O anúncio de Cíntia Moscovich como patrona da 62ª Feira do Livro de Porto Alegre brotou natural e vibrante como as flores dos jacarandás deste início de primavera.
Explico a escolha do título aí de cima. Logo que soube do anúncio, lembrei imediatamente de 1995, quando o querido e saudoso Caio Fernando Abreu foi patrono do evento. Júlio Zanotta Vieira era o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro à época (ele o foi de 1994 a 1997). Júlio - lembram-se? - foi o responsável pela introdução da cobertura de plástico e tantas outras novidades, que estão até hoje incorporadas ao evento.
A feira tornou-se outra depois de suas gestões. A festa conta, há décadas, com os incansáveis e competentes Jussara Rodrigues, Sônia Zanchetta, Gerson Souza e tantos outros funcionários e colaboradores que desejo que se sintam citados. Se fosse nominar todos, precisava de todo o jornal. Hoje, o brilhante e moderno Marco Antônio Cena Lopes está no timão da Câmara e inovou com um programa de televisão sobre a feira, o TV Feira do Livro.
Mas voltando aos queridos Caio e Cíntia. O Caio disse, à época, que se sentia mais padrinho do que patrono da Feira. Pois foi o que eu senti quando ouvi o nome da Cíntia como patrona. Ela é nossa madrinha, nossa dinda da feira, por sua alegria, sua informalidade, seu bom humor e seu carinho com a literatura, os livros, os leitores, os escritores, os editores, os agentes , os distribuidores, os livreiros, os jornalistas e com as pessoas em geral.
Não é por acaso que ela tem origem no Povo do Livro.
Jornalista, escritora premiadíssima, ministrante de oficinas, mestra em literatura, cronista, desde O reino das cebolas (1996) até Essa coisa brilhante que é a chuva (2012 - Prêmio Portugal Telecom), Cíntia - que já não precisa usar o sobrenome, mesmo caso de Erico, Dyonélio, Lya, Moacyr, Josué, etc - vai abençoar e dar um upgrade esportivo, alegre e bem-humorado para nossa feira, além, é claro e principalmente, de ser uma patrona altamente consistente do ponto de vista literário e jornalístico, como já disse antes. A feira e nós vamos ganhar muito com Cíntia. Tomara que ela também ganhe muito com a experiência.
Peço licença para fazer justiça e dizer que nossa madrinha tem essa energia, essa alegria e esse pique todo, porque, ao seu lado, está o fiel escudeiro e companheiro de todos os dias e noites, o escritor, músico e gatólogo Luis Paulo Faccioli, que tomo a liberdade de indicar como padrinho honorário de nossa feira. Como eu sou de Bento e ele é de Caxias, sempre chamo ele de "querrrrrrrrrrrrrridooooooo". Cosa nostra, agora revelada em público.
Nem vou repetir que o livro é uma das maiores invenções da humanidade, que é um objeto de design incomparável, que o livro impresso segue impávido, que a leitura silenciosa e solitária de um livro é uma experiência única para a fantasia, a inteligência, a liberdade e viajar pelos caminhos do infinito.
a propósito...
Desculpa, Cíntia, se o texto não foi exclusivamente sobre ti e tua bela e já grande obra. Como és a madrinha e como te conheço há décadas (não muitas, somos piás, ainda), sei que queres bem e abençoas, como eu, os livros, as pessoas, os leitores e essa galera do livro, que pode não ser tão grande nem tão rica ou poderosa quanto a gente gostaria, mas que tem qualidade, importância e eternidade, que é o que interessa. Gente fina, elegante, sincera e do bem. Uma pessoa, um livro, é quase sempre paz e amor. Ótima Feira, ótimo amadrinhamento, Cíntia. Deus nos abençoe!
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