quinta-feira, 27 de outubro de 2016


27 de outubro de 2016 | N° 18671 
EDITORIAIS

SINAIS DE MELHORA

Ainda não há o que celebrar, mas os primeiros números positivos do processo de recuperação da Petrobras, por meio de uma gestão profissional e eficiente, servem de alento aos brasileiros para continuarem acreditando que o país sairá da crise. Em menos de um ano sob o atual comando, a principal estatal brasileira teve suas ações valorizadas em mais de 160% e ganhou promoção da agência de avaliação Moodys no ranking de classificação de risco. Para completar, subiu do 11º para o oitavo lugar na avaliação mundial por valor de mercado.

Como já ocupou a terceira posição, em 2008, fica fácil de perceber que o trabalho de recuperação da empresa ainda será demorado e extenuante. Mas já é possível perceber que a Petrobras está começando a sair do atoleiro em que foi lançada por uma administração equivocada, formulada por critérios políticos e vulnerável à corrupção. A reação é visível. Depois de ter sido transformada em símbolo da Lava-Jato, a estatal começa a readquirir a credibilidade que desfrutou durante décadas, como maior empresa brasileira e uma das principais do continente.

A estratosférica dívida de US$ 125 bilhões e as ações judiciais decorrentes de contratos malfeitos não deixam muita margem para euforia, mas é fácil de perceber que uma governança regida por critérios técnicos e austeros tem o poder de ressuscitar negócios quase falidos. De acordo com o atual gestor, o presidente Pedro Parente, os desafios imediatos são agora a redução de custos, a diminuição do endividamento e a restauração da capacidade de investimentos. Se o governo mantiver seu compromisso de não interferência e respeito à gestão profissional, ninguém pode ter dúvida de que os desafios serão vencidos até mesmo antes do prazo previsto. A fórmula aplicada na Petrobras merece ser replicada em outras áreas da administração pública: austeridade, competência e, principalmente, honestidade.

ONDE COLOCAR PRESOS

Diante da banalização do uso de viaturas como celas para suprir a falta de locais em presídios e delegacias, reduzindo ainda mais o que restava de policiamento ostensivo nas ruas, o governo estadual anunciou ontem a intenção de construir dois centros de triagem para presos provisórios. Essa, porém, é uma providência que não tem como esperar pelos trâmites normais da burocracia estatal, responsável em boa parte pela falência do sistema prisional. Enquanto o poder público não sair dessa inércia, que fere a lei e os direitos elementares de cidadãos sob sua custódia, dificilmente a população se sentirá segura.

O veto ao uso de porta-malas de camburões que deveriam estar circulando para reduzir um pouco mais a sensação de insegurança é uma questão emergencial, mas o caos dos presídios não tem como perdurar, por mais que se avolumem as explicações de ordem financeira do setor público. É inadmissível que um Estado cada vez mais subjugado pelo avanço da criminalidade continue convivendo com um déficit de no mínimo 10 mil vagas para prisioneiros e com o Presídio Central interditado para novos presos.

Independentemente da adoção de providências que já deveriam ter sido tomadas há muito tempo, é mais do que hora de o Estado rever quem precisa de fato estar nos presídios ou poderia estar cumprindo outro tipo de pena. Ações desse tipo não ajudariam a atenuar a situação de quem vem sendo mantido em camburões na frente de delegacias superlotadas – todos envolvidos em crimes de maior gravidade. Ainda assim, demonstrariam pelo menos a determinação do poder público de enfrentar a questão de forma ampla.

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