terça-feira, 11 de outubro de 2016



11 de outubro de 2016 | N° 18657
EDITORIAIS

FURADORES DE FILA


Símbolo do pior modelo de jeitinho brasileiro, o ato de furar a fila atinge até mesmo o Sistema Único de Saúde (SUS), misturando desonestidade com crueldade. Através de esquemas envolvendo desde central clandestina de marcações de consulta em prefeitura até pagamento a intermediários espertalhões, os fraudadores conseguem passar à frente de doentes que também necessitam de exames e consultas. 

O aspecto mais chocante do esquema delituoso revelado em reportagem da RBS TV para o Fantástico é a participação de políticos, entre os quais pelo menos um deputado gaúcho que, no mínimo, está devendo explicações convincentes à população e à Justiça.

Criado com o objetivo de universalizar o atendimento na área de saúde pública, o SUS tem o dever constitucional de atender a toda a população, indistintamente. Por isso, é inaceitável que um direito assegurado por lei possa se prestar para um balcão de negócios fraudulento que prejudica os mais necessitados, favorecendo pacientes recomendados por políticos interessados indiretamente em conquistar eleitores.

Obviamente, uma das razões para a disseminação desse tipo de deformação, registrada pela reportagem em diferentes Estados, é a deterioração dos serviços prestados pelo SUS. Por isso, a melhoria no atendimento em saúde pública, incluindo fiscalização rigorosa, é um pressuposto para atenuar o problema.

Muitos pacientes, em estado de sofrimento ou em situação de emergência, não têm como esperar anos a fio por uma simples consulta com especialista ou exame médico. Ainda assim, é óbvio que nada justifica a conquista de uma simples vaga na fila em comércio por parte de pacientes e, muito menos, de políticos, pois se trata de crime.

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