sexta-feira, 14 de outubro de 2016



14 de outubro de 2016 | N° 18660 
NÍLSON SOUZA

OBJETO PODEROSO

A sobrevivência do livro impresso na era digital foi tema de recente reportagem do jornal El País, que li na versão digital, sem disfarçar o sorrisinho irônico provocado pela leitura. O texto, que imediatamente encaminhei para o meu amigo Paulo Ledur (pela via digital do e-mail), é um verdadeiro alento para quem ainda acredita no papel como plataforma de comunicação e conhecimento. 

O autor já vai alertando de saída: “Os maus presságios sobre a morte iminente do livro impresso não se confirmam”. E elenca uma série de informações, pesquisas e números que não deixam dúvida sobre a surpreendente resistência do objeto que um dos autores referidos classifica como mais poderoso do mundo.

O livro, tal qual o conhecemos, com capa e contracapa, páginas para folhear, cheiro, peso, volume e cor não apenas resiste à parafernália eletrônica que o imita, como também começa a recuperar o terreno perdido nos primeiros anos de revolução digital. Os números atestam essa recuperação: nos Estados Unidos, a venda de livros impressos aumentou em 17 milhões de volumes de 2014 para 2015, ao mesmo tempo em que os e-books despencaram do modismo inicial para o pragmatismo.

O cérebro prefere o papel, garante um artigo publicado pela revista Scientific American, justificando que tablets, computadores e celulares distraem o leitor e dificultam a compreensão. Outro estudo assegura que o papel propicia maior memória visual e indica que, entre 300 universitários pesquisados, 92% disseram que se concentram melhor lendo textos impressos.

Conclui a reportagem que o inimigo do livro não é o seu similar digital, mas, sim, as redes sociais. São elas que atualmente mais captam a atenção das pessoas, absorvendo-lhes o tempo e as energias que poderiam ser dedicados à leitura de livros.

Ainda assim, acredito que mesmo a mais conectada das criaturas em algum momento voltará o olhar para o objeto mais poderoso do mundo e perceberá que ele contém a sabedoria dos séculos e o melhor da alma humana.

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